Mansueto descarta CPMF e prepara mercado para déficit

No momento em que a equipe do ministro Henrique Meirelles vem sendo questionada por propor um déficit gigantesco, ao mesmo tempo em que promete ajuste fiscal, o secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda, Mansueto Almeida, usa o Twitter para preparar os ânimos do mercado para um rombo ao redor de R$ 160 bilhões em 2017.

Mansueto Almeida

"É ilusório esperar recuperação rápida da receita saindo de 2 anos de queda do PIB p/ um crescimento que o mercado estima entre 1% e 2%", postou.

Mansueto defendeu que o ajuste precisa vir de cortes nas despesas e, não, de aumento das receitas. "Não podemos repetir a velha fórmula de aumentar carga tributária", publicou no Twitter.

Segundo ele, a volta da CPMF cheia, a desvinculação de benefícios previdenciários e a reoneração imediata da folha salarial não são medidas viáveis atualmente. "Debate fiscal está confuso e as sugestões de alguns para melhorar meta do primário não têm viabilidade política porque população não quer", escreveu. 

O governo definiria em reunião na noite desta quarta-feira a revisão do déficit primário para o próximo ano em reunião no Planalto, segundo o relator do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017, senador Wellington Fagundes (PR-MT).

Veículos de comunicação especulavam, nesta terça, que a meta para o déficit primário deveria ser fixada ao redor dos 160 bilhões de reais. Com a crescente percepção de muitos agentes de que o governo não estaria colocando em prática o discurso da austeridade, Mansueto defendeu que o Executivo estaria, sim, fazendo sua parte.

Em resposta às críticas na política fiscal de Temer, ele disse que o ajuste fiscal "já começou" com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os gastos públicos.

Mais desentendimentos no governo

Em declaração que contraria a fala de Mansueto, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, avaliou que o ajuste fiscal não será possível apenas com corte de despesas.

"Não dá para cortar R$300 bilhões na despesa. Então temos que recuperar a economia e conter a despesa", disse.

Em audiência no Senado, ele defendeu ainda que sejam mantidos os investimentos que ainda existem no governo. E argumentou que abrir mão do reajuste de servidores não resolveria a questão fiscal.