Arruda Bastos – Ricardo Barros: O coveiro do SUS

Por *Arruda Bastos

Ricardo-Barros - Agência Brasil

Estamos em uma gestão da saúde que teima em voltar ao passado e nos deixa tontos com tanta maluquice do Ministro interino da Saúde, Ricardo Barros. Sua nova proposta de um plano de saúde sem as coberturas definidas pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) é de uma indigência mental de dar pena. Só mesmo um engenheiro-ministro de quinta categoria para propor um recuo nos avanços das coberturas dos planos de saúde. Ele não sabe (ou finge que não sabe) da luta das entidades de defesa dos direitos do consumidor e do trabalho hercúleo das entidades da saúde para implantar a regulamentação atualmente existente.

Em artigos anteriores fui muito duro com o Ministro da Saúde. No primeiro, ao comentar, logo depois da sua posse, que tinha dúvidas se ele era um Ministro ou macaco em casa de louça; e no segundo, na ocasião da sua visita ao Ceará para a abertura do 32º Congresso Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, quando defini que ele era um Ministro bundão tem medo do povão. Hoje, acho que fui até brando nas minhas colocações anteriores. Ele é bem pior do que eu pensava. Podemos dizer que ele, com suas propostas estapafúrdias e com todo o respeito aos sepultureiros, é o coveiro do SUS.

O Conselho Nacional de Saúde (CNS), instância máxima do controle social do SUS, já se manifestou contra a proposta do ministro. Criar planos de saúde de “H”, chamados “populares”, com menor cobertura, não é a saída para desafogar e financiar a rede pública. O que o Sistema Único de Saúde (SUS) precisa é de mais recursos públicos, melhor gestão e fiscalização. Até agora não observamos nada nesse sentido dentro do Ministério.

Em outro artigo de minha autoria, Ministro ou Minister da Saúde, abordei a ligação de Ricardo Barros com as empresas tabagistas. A sua atual proposta vai na mesma linha: só beneficiará as operadoras que ganharam rios de dinheiro com as baixas coberturas. Planos de saúde de ricos empresários para pobres consumidores. A ligação do ministro com as empresas de planos de saúde já é antiga, diversos artigos já publicados na imprensa comprovam que elas sempre patrocinaram suas campanhas políticas. Projetos como este só prosperam em governos ilegítimos e totalmente devedores do grande capital e de uma política econômica rentista.

A proposta do ministro tem tudo a ver com a essência da nova política econômica do usurpador Temer. No meu artigo intitulado Tetos de gastos para saúde é crime, abordei o que está em curso no Brasil. O governo deseja reduzir os gastos públicos com a saúde para viabilizar as propostas voltadas para as grandes empresas nacionais e internacionais, os planos de saúde e as seguradoras. Reduzir os direitos trabalhistas e previdenciários, privatização desbragada estão na mesma linha. É o primeiro passo para a privatização da saúde.

Conclamo as entidades defensoras do SUS, as associações, sindicatos, os profissionais da saúde, os gestores, e o povo organizado para cerrarem fileiras na defesa do nosso sistema público de saúde universal, como definido na Constituição de 1988. Saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Nenhum direito a menos!

*Arruda Bastos é médico, professor universitário, ex-Secretário da Saúde do Estado do Ceará e um dos Coordenadores do Movimento “Médicos pela Democracia”.

Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do site.