Ocupa Incra: Não aceitamos um governo que não reconhece nossa luta

A sede do Incra foi ocupada nesta segunda-feira (11) por representantes de 10 movimentos de trabalhadores do campo, entre eles, o Movimento Social de Luta (MSL) e Movimento de Luta pela Terra (MLT). A ação é contra a extinção dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Desenvolvimento Social (MDS).

Trabalhadores do campo ocupam o Incra reivindicando negociação

Os ocupantes ainda pedem o que chamam de “Conselho de Crise” e uma ouvidoria agrária independente para resolver conflitos e receber denúncias de crimes praticados contra líderes dos movimentos de luta por terra e políticas agrícolas.

Mais de 600 pessoas dos estados do Rio de Janeiro, Pará, São Paulo, DF, Goiás, Mato Grosso e Bahia participam da ação, que tem o apoio de centrais sindicais como a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). A ocupação ocorreu por volta das 6h, quando os militantes adentraram no prédio. Funcionários foram impedidos de entrar para cumprir o expediente e, segundo os manifestantes, a ocupação se dará até que o governo atenda suas reivindicações.

Durante o dia, o grupo foi recebido pelo desembargador Gercino José da Silva Filho, ouvidor agrário nacional e presidente da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo para negociações.

De acordo Robson Roberto Souza, um dos coordenadores da ação, o grupo também não reconhece o atual presidente do Incra, bem como o governo interino. “O governo Temer não reconhece nossa luta; nós também não o reconhecemos”, afirmou ao Portal CTB.

Souza informou que os líderes da ocupação receberam convite para uma conversa com o presidente do órgão, mas rejeitaram. “Não queremos tratar esse assunto com ele e sim com a Casa Civil. Fizemos esta solicitação, por meio do Gercino, e a Casa Civil nos mandou a proposta de sentarmos com o secretário de Agricultura Familiar, mas a ideia é não sentar com esse governo porque não o aceitamos. Queremos apenas que ele devolva o que é nosso, inclusive a democracia”, declarou.

Os manifestantes chegaram durante a madrugada desta segunda e adentraram no prédio ao amanhecer, quando os seguranças concordaram em abrir as portas do local. “Chegamos aqui por volta das 3h e ocupamos o prédio por volta das 6h, quando os vigias da segurança resolveram abrir a porta para nós. Foi uma entrada pacífica, até porque o nosso protesto aqui é pacífico. Estamos reivindicando o retorno do MDA, MDS, que o governo interino acabou, e não vamos sair do prédio – é a decisão dos movimentos unificados aqui – até que o governo devolva aquilo que nos tirou. Tivemos duas rodadas de negociação durante o dia com o desembargador, onde ele nos acompanhou e colocou os critérios. Nós ocupamos apenas as áreas externas e duas salas de reuniões. Todas as salas estão trancadas. Ninguém tem acesso”, disse.

Segundo informações da coordenação, outros atos comandados pelos movimentos estão ocorrendo nos estados. Rodovias estão sendo fechadas pelos manifestantes por todo o território nacional. “Fechamos as principais BRs do Mato Grosso hoje. Vamos fechar São Paulo ainda esta semana, BA na próxima. Enquanto estivermos no Incra, BRs serão fechadas. A manifestação não tem dia para acabar – estamos preparados com alimentação, água. Se o governo nos atender, iremos embora. Se não, ficaremos aqui”, pontuou.