Luta por futebol democrático será tema de debate no Congresso da UJS
As arquibancadas de futebol tem sido palco de diversos protestos pelo Brasil. Sobretudo após o golpe contra a presidenta Dilma, faixas de “Fora, Temer” pipocaram por estádios de todas as regiões do país.
Publicado 25/07/2016 20:03
Mas antes disso, através de protestos contra o horário dos jogos impostos pela Rede Globo que começaram no dia 9 de setembro do ano passado, durante a exibição da partida entre Corinthians e Grêmio, impulsionadas pela campanha “Jogo, 10 da noite, Não!”, e logo depois, com a torcida Gaviões da Fiel, do Corinthians, ter começado suas manifestações contra o desvio de merendas das escolas públicas paulistas e também se manifestando contra a Globo e a CBF, os estádios se tornaram importantes espaços de protesto pelo país todo.
A luta pela democracia no país nos estádios e ao mesmo tempo contra a elitização do próprio futebol estarão presentes no Congresso da UJS na mesa “Eu canto a esperança de uma arquibancada popular”, no dia 29 de julho, sexta-feira, às 14 horas no Clube Tietê, em São Paulo.
Representantes de diferentes movimentos, torcidas e coletivos debaterão sobre o momento atual do esporte preferido e importante símbolo cultural do povo brasileiro. O jornalista Juca Kfouri, a jornalista Lu Castro e Aira Bonfim, do Museu do Futebol, também marcam presença no debate, assim como a torcida Gaviões da Fiel que estará representada.
Para Penélope Toledo, jornalista e integrante do núcleo carioca do coletivo “Futebol, Mídia e Democracia” que participará do debate, a importância desse debate “é que as arquibancadas, de fato têm sido este espaço de luta resistência, e no caso da questão da mídia, especificamente, porque é uma forma de aproximar das pessoas o debate sobre temas como monopólio midiático, ou seja, debater os temas partindo de um assunto do interesse das pessoas, que é o futebol. Em tempos em que impera o senso comum apolítico, falar utilizando o futebol, penso, é uma forma de encontrar ouvidos”.
Najla Diniz, do “Futebol, Mídia e Democracia” e do movimento “Inter Feminista”, de Porto Alegre, coloca que o movimento de mulheres coloradas, “além da questão óbvia do preconceito de gênero na arquibancada e como ele se manifesta, através de atitudes machistas, o coletivo faz uso também do prefixo “inter” do seu nome: como as questões de gênero se dão no Internacional, instituição (que tem 22% do quadro social composto por mulheres) e como se dá a relação entre essas mulheres. Quem são, o que querem, qual seu perfil. A questão de gênero vai além do machismo, passa pelo empoderamento e ocupação dos espaços com outro propósito que não o do embelezamento.
O representante mineiro na mesa, Léo Souza, que além do coletivo FMD é conselheiro da Torcida Máfia Azul e membro do movimento Resistência Azul Popular, destaca que “com a reforma do estádio Mineirão para os jogos da Copa, a elitização das arquibancadas através da transformação do estádio em arena e o excludente programa de sócio aplicado pelo Cruzeiro, houve uma natural aproximação de torcedores ativistas, membros de torcidas organizadas e pessoas influentes no meio, com pautas comuns contra as perdas dos direitos, pela redemocratização da arquibancada e contra atitudes antipopulares do presidente do clube", explica.
"Nessa aproximação, criou-se a Resistência Azul Popular, Torcida antifascista e anticapitalista e o Núcleo BH do Coletivo Futebol Mídia e Democracia, onde idéias são colocadas em prática como denúncias e atos na arquibancada contra a concessionária do Mineirão Minas Arena, ativismo na Assembléia Legislativa de Minas Gerais em eventos sobre futebol e organização de visita de imigrantes haitianos em jogos do Cruzeiro. Houve também através do Coletivo Futebol, Mídia e Democracia, núcleo de BH, uma aproximação com torcedores do Atlético-MG que possuem ideologias parecidas, onde são idealizados e realizados atos em conjunto”, afirma.
Depois do debate será exibido o mini-documentário Flores do Estádio, produzido pelas recifenses Manuela Andrade e Catarina Raissa, que trata dos problemas enfrentados pelas mulheres nos estádios de futebol.
Confira o trailer: