Dilma: Estão de olho no modelo de partilha do pré-sal

Em encontro com petroleiros, a presidenta eleita Dilma Rousseff avaliou que as propostas da base do governo interino de Michel Temer (PMDB) colocam na mesa uma vontade de privatizar a estatal. “É o que está novamente em questão. O controle das reservas estratégicas através da quebra do modelo de partilha. Retirar a Petrobras como operadora única é apenas a pré-estreia dos objetivos finais”, afirmou.

Dilma Rousseff com petroleiros

“O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil está caindo porque arrebentaram com a cadeia produtiva do petróleo e gás”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff (PT) em encontro com petroleiros em defesa do pré-sal e da democracia, nesta quinta (4), no Palácio da Alvorada, em Brasília. “Também, é importante dizer que tratam a questão como problema só da Operação Lava Jato, mas o preço do barril do petróleo despencou. Não é uma questão só ligada à operação. Até porque a Lava Jato tenta destruir a cadeia, mas não consegue destruir a Petrobras”, completou.

Dilma ressaltou a importância da empresa estatal para estimular uma cadeia produtiva, por meio da contratação sistêmica de fornecedores. “A Petrobras criou uma indústria por trás, com engenharia e serviços. A empresa tem um papel estratégico que define o PIB brasileiro”, disse. Ao lado do presidente da Federação Única dos Petroleiros, Zé Maria Rangel, e do ex-ministro chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, a presidenta ressaltou que tal papel da Petrobras vem sendo exercido de forma “extremamente competitiva, não pela proteção do governo, mas sim pela grande capacidade”.

Para a presidenta, as propostas da base do governo interino de Michel Temer (PMDB) colocam na mesa uma vontade de privatizar a estatal. “É o que está novamente em questão. O controle das reservas estratégicas através da quebra do modelo de partilha. Retirar a Petrobras como operadora única é apenas a pré-estreia dos objetivos finais”, afirmou em referência ao PL 4.567/16, de autoria do ministro interino das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), que tramita na Câmara dos Deputados.

Dilma anunciou que um dos pontos de sua carta aos brasileiros, que deve ser divulgada no próximo dia 10, será firmar a defesa da soberania do Brasil, a exemplo da questão do pré-sal. "Eu nunca vi uma empresa de petróleo não gostar de petróleo", ironizou.

"Está em questão, sim, a privatização, o modelo das reservas estratégicas e o modelo de partilha. O olho é no modelo de partilha", alertou a presidente. Dilma ressaltou também que "a Petrobras representa o Brasil" e voltou a fazer duras críticas à retirada de benefícios por parte do governo Temer.

Zé Maria, que falou antes da presidenta, reafirmou que as ameaças à Petrobras não são novas. “A empresa vem sendo motivo de disputa desde antes de sua criação. Tem gente que, além do complexo de vira-lata, tem o complexo do entreguista. Acham que devemos ser reféns do capital internacional. Foi assim com o Collor e com o FHC, que tentaram entregar a Petrobras. Os adversários dizem que os governos do PT quebraram a Petrobras. Desafio qualquer um deles a mostrar que, sem esses governos, não existiríamos mais”, disse. “Podemos recordar como símbolos da Petrobras com o FHC o afundamento de plataformas e vazamentos”, completou.

O presidente da FUP ainda afirmou que não existe problema em investigar ilegalidades na companhia. “Não canso de dizer. A Operação Lava Jato tem apoio de todos os cidadãos. Também nosso, desde que não seja um circo, desde que apure a todos, investigue as pessoas, o CPF e não o CNPJ. Estamos vendo a Petrobras paralisada, toda sua cadeia produtiva. E sabemos que um dos grandes pontos do golpe de Estado é o pré-sal. Para a FUP, o pré-sal deve ser política de Estado e não de governo. A empresa deve ser operadora única.”

A operação da Petrobras significa, de acordo com a vice-presidente da CUT, Carmen Helena, a possibilidade de avançar em direitos essenciais do povo brasileiro. “Precisamos restabelecer a democracia em nosso país. Estamos vivendo em um momento de trevas. Temos de ligar o petróleo com a democracia, com a saúde, educação, direitos e com a soberania nacional. Estamos aqui para reafirmar nosso compromisso à campanha de que o pré-sal é nosso”, disse.

Para Dilma, a única forma que interesses entreguistas encontraram de encostar na Petrobras foi por meio do golpe. “Estão tornando isso possível sem eleições, sem discussão política. O colégio eleitoral do povo não aprovaria este programa de governo. Transformaram o colégio eleitoral no Senado, ele que está elegendo o presidente, pouco interessa o que o povo pensa”, disse. Confira abaixo um trecho: