Justiça determina prisão de presidenta das Mães da Praça de Maio

A perseguição contra líderes de esquerda ganha novo impulso na Argentina de Maurício Macri. No marco de 200 dias de detenção injustificada da dirigente indígena Milagro Sala, o juiz Marcelo Martínez de Giorgi ordenou a prisão da presidenta da organização das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini.

Hebe Bonafini - Divulgação

A justiça acusa a dirigente de desvios de fundos do Estado por meio do programa de moradia Sonhos Compartilhados. A líder das Mães emitiu um comunicado por escrito onde assume que não atendeu ao chamado judicial. Em entrevista a uma rádio local, deixou claro que se a querem presa devem busca-la.

O juiz convocou oficialmente Hebe para dar declarações no tribunal sobre sua atuação no programa de moradias executado pela organização das Mães da Praça de Maio. Convicta de não “dever nada à justiça”, Hebe afirmou: “quem é este Martínez de Giorgi? Que tome a decisão que quiser, eu não tenho nenhum problema e estarei esperando”.

Hebe acredita ser uma nova vítima da “mal chamada justiça”. “Outra vez sofremos na carne as injustiças que atingem a todas nós, anciãs de 85 e 90 anos. Nos condenam a pagar dívidas injustas e passadas”, esclareceu.

Com a recusa de Hebe em atender o chamado judicial, o juiz tem agora três dias para decidir se ordenará uma ação policial para buscar a dirigente. Os acusados têm opção de falar ou não diante do juiz, mas são obrigados a se apresentar.

Nesta quinta-feira (4), a Polícia Federal tentou cumprir um mandado de busca e apreensão na Fundação das Mães da Praça de Maio, mas vários militantes do movimento fizeram uma barreira e impediram a invasão dos oficiais no local. “O povo as abraça, mães da praça”, gritavam os manifestantes.

Mães da Praça de Maio

A organização é composta por mulheres que tiveram seus filhos sequestrados durante a ditadura militar argentina (1976-1983). Ainda durante o regime militar elas passaram a se reunir na Praça de Maio, palco de icônicas manifestações do povo argentino, onde fundaram uma associação para lutar contra a ditadura que deixou mais de 30 mil desaparecidos.

Durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner as mães tiveram algumas de suas exigências atendidas, mas desde que o novo presidente assumiu, em 10 de dezembro passado, a busca pelos mortos e desaparecidos da ditadura deixou de ser uma prioridade. As mães continuam se reunindo na Praça de Maio para exigir verdade e justiça. Hebe Bonafini é a principal líder do movimento.

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