Denúncias de corrupção contra Temer marcam debates sobre impeachment 

A abertura da sessão que analisa o relatório da Comissão Especial do Impeachment, por suposto crime de responsabilidade atribuído à presidenta Dilma Rousseff, nesta terça-feira (9), foi marcada por discursos pedindo a suspensão do julgamento da presidenta eleita. Os senadores chamaram atenção para as denúncias recentes de corrupção envolvendo o vice-presidente Michel Temer e pediram que o processo seja suspenso até a conclusão das investigações. 

Denúncias de corrupção contra Temer marcam debates sobre impeachment - Agência Senado

Na sessão, dirigida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, foram apresentadas mais de dez questões de ordem no sentido de suspender a sessão. A preocupação é que o vice-presidente que ocupou o cargo de Presidente da República, Michel Temer, estar envolvido em casos de corrupção delatados na Operação Lava-Jato e, se efetivado no cargo, não poder ser investigado.

“Isso é um escândalo. Estão processando a presidente Dilma Rousseff por decretos de créditos suplementares quando há denuncias de caixa dois com dinheiro vivo envolvendo o PMDB e o PSDB”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da Minoria no Senado.

Para o senador, as denúncias "mudam tudo". Ele observou que, se Temer for confirmado na presidência, não poderá ser processado por fatos estranhos à administração dele. "Estaremos blindando o Temer", advertiu.

Fatos novos

A preocupação em incluir os fatos novos na avaliação do processo do pedido de afastamento da presidenta Dilma foi manifestada por outros senadores, além dos “Dilmistas”. Foi o caso do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que recusou o argumento dos golpistas, afirmando que “não considero que este processo seja imutável, seja inerte. Ele não é imune a fatos novos.”

E relatou que: “Neste final de semana, o País foi informado de que, no acordo de delação premiada que a empreiteira Odebrecht está negociando, feita pelo seu presidente, o Sr. Marcelo Odebrecht, e por cerca de 50 executivos desta empresa, um anexo diz que o então Vice-Presidente da República Michel Temer participou de uma reunião que resultou na doação de R$10 milhões em dinheiro vivo.”

O senador reforçou o pedido feito pelos aliados tradicionais de Dilma na Comissão de Impeachment – senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e os petistas Gleici Hoffmann (PR) e Lindbergh Farias – da suspensão do processo, “para que haja uma decisão judicial na investigação sobre a delação premiada dos empresários da Odebrecht e que se conheçam os reais e verdadeiros motivos. Ao contrário, se isso não ocorrer, o atual Vice-Presidente da República terá imunidade processual da Presidência da República que me parece que é a razão pela qual está aqui este processo de impeachment”, explicou Rodrigues.

Para Randolfe Rodrigues, as denúncias contra temer, que surgem somente agora, explicam as razões dos golpistas quererem apressar o processo de impeachment contra a presidenta Dilma. “Temos assistimos cotidianamente a uma tentativa de atropelar e apressar o processo de impeachment aqui, nesta Casa. É de conhecimento de todos a reunião que ocorreu com lideranças políticas, inclusive, para que o processo fosse adiantado”, destacou o senador.

Segundo ele ainda, “há uma clara superveniência de fato novo, que, mais uma vez, aponta as reais razões pelas quais ocorre o processo de impeachment.”