Tucano expõe disputa interna no golpe e cobra mais ajuste antipovo

Lideranças do PSDB continuam externando as disputas internas do golpe. O senador José Aníbal (PSDB-SP) voltou a puxar a orelha da equipe econômica, em especial do titular da Fazenda, Henrique Meirelles. Na contramão dos interesses do povo, o parlamentar cobra que o ministro ponha em prática o duro e impopular ajuste que Michel Temer alardeou em seus discursos. Disposto a desconstruir qualquer pretensão política de Meirelles, o tucano é claro no recado ao ministro: "se concentre nos resultados".

José Aníbal - Moreira Mariz/Agência Senado

À coluna do Estadão desta segunda, Aníbal declarou que, se o interino não implementar a austeridade prometida – que pesa sobre os mais pobres e poupa aliados e rentistas -, sua gestão será o mesmo que "trocar seis por meia dúzia" ou "um jogo de passatempo".

"Não é fazer a política do avestruz: ah, tem um sinalzinho de que a economia melhorou e, no dia seguinte, mais desemprego", atacou. "O apoio do PSDB tem que ser para ajudar o governo a tirar o Brasil da crise", afirmou, em uma declaração que pode soar como ameaça de que o apoio da legenda a Temer não é incondicional.

De acordo com ele, é preciso levar adiante a agenda pactuada entre PMDB e PSDB, que inclui a reforma da Previdência e o limite para o crescimento de gastos públicos – uma pauta que significa retirar direitos sociais e garantias constitucionais. "Houve uma convergência forte entre o governo e o PSDB sobre o desafio que nos cabe enfrentar agora. Teto, reforma da Previdência, gerar emprego", afirmou ao jornal, sem explicar como as mudanças pretendidas servirão para criar postos de trabalho.

Seguindo o que têm feito outros tucanos, Aníbal mirou no titular da Fazenda. "Do ponto de vista das contas públicas, a responsabilidade é só dele. Precisa se concentrar nisso para o resultado aparecer. Deixa que a construção política seja arbitrada entre as forças de sustentação do governo", disse o senador, à coluna.

O PSDB tem atacado Meirelles, sob o argumento de que ele não estaria fazendo todo o trabalho sujo que lhe caberia. Preocupado com sua popularidade, o ministro estaria fazendo concessões de caráter eleitoreiro, flexibilizando medidas de austeridade. 

A declaração de Aníbal reforça a mensagem passada pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), após jantar oferecido por Temer ao PSDB na semana passada. “O ministro Meirelles tem todo nosso apoio e simpatia. Mas deixa o Meirelles cuidando da economia e deixa o núcleo político cuidando da política, sem deixar 2018 contaminar o ajuste que tem que ser feito”, disparou na ocasião. 

O encontro tinha o objetivo de aparar arestas com os tucanos, que, de olho em 2018, já começam a atacar a política econômica de Temer. Temem que Meirelles se projete como alternativa ao seu projeto eleitoral.