Juros altos enfraquecem Estado e desestimulam geração de empregos
O fator que mais agrava a crise econômica nacional é a dívida pública. E seu aspecto mais drástico é o custo do pagamento dos juros – uma boa parte dessa remuneração adota a taxa Selic, hoje em 14,25%. Só em 2015 o pagamento consumiu R$ 501 bilhões do Estado brasileiro. Em 2013, R$ 248 bi.
Publicado 30/08/2016 17:24

O sindicalismo tem feito atos unitários contra os juros altos. O entendimento é de que a Selic nas alturas, segundo Rodolfo Viana, economista do Dieese, “esgota as finanças públicas, induzindo a cortes em setores vitais como saúde e educação”. Esse enfraquecimento do Estado adia obras e afeta iniciativas como o PAC, por exemplo, que é gerador de emprego.
O economista, que responde pela subseção do Dieese no Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, tem um estudo em que mostra vários aspectos e consequências dos juros abusivos. “É falso o discurso de que os juros altos seguram a inflação próxima ao centro da meta. Os juros têm aumentado e os índices de inflação vêm subindo”, mostra o economista – veja gráfico abaixo.

Para ele, “a inflação acabará caindo por força do desemprego, porque desempregado consome menos”. O economista lembra que o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, em artigo em 2013, já propunha conter a inflação à base do desemprego.
Produção
Selic nas alturas fere o setor produtivo. Mas nem todos. Segundo Rodolfo Viana, há empresas – grandes, especialmente – que aplicam pesado no mercado financeiro “e apresentam em seus balanços esse ganho financeiro”.
Selic nas alturas fere o setor produtivo. Mas nem todos. Segundo Rodolfo Viana, há empresas – grandes, especialmente – que aplicam pesado no mercado financeiro “e apresentam em seus balanços esse ganho financeiro”.
Juros altos x custo de vida
Para Viana, a luta sindical contra os juros altos precisa ganhar a adesão da base trabalhadora. “É preciso mostrar ao metalúrgico, ao químico, ao metroviário, quanto a vida de sua família encarece com os juros altos e o custo financeiro embutido nos produtos”, diz.
Para Viana, a luta sindical contra os juros altos precisa ganhar a adesão da base trabalhadora. “É preciso mostrar ao metalúrgico, ao químico, ao metroviário, quanto a vida de sua família encarece com os juros altos e o custo financeiro embutido nos produtos”, diz.
Vale fazer ato em frente ao Banco Central, mas, segundo ele, “valeria muito expor esses números e panfletear fábricas, metrô e outros pontos de concentração trabalhadora”.