Movimentos: Está aberto caminho para a retirada de direitos

Foi de indignação a reação de lideranças do movimento social brasileiro à destituição da presidenta Dilma Rousseff nesta quarta-feira (31) pelo Senado Federal, por 61 votos a 20. Mas não houve surpresa. De acordo com representantes do movimento estudantil, LGBT, centrais de trabalhadores e movimento de mulheres, o julgamento tinha cartas marcadas. Na opinião deles, o golpe abre o caminho para a retirada de direitos sociais e trabalhistas.

Por Railídia Carvalho

Dilma em ato contra o golpe na casa de portugal em sp 23 de agosto - Divulgação Facebook Dilma Rousseff
Liége Rocha, secretária nacional da Mulher do PCdoB, observou que Dilma foi afastada em definitivo. “Uma mulher eleita com 54 milhões de votos é tirada da presidência por 61 votos”, comparou a dirigente.
“É um dia de tristeza para as mulheres brasileiras porque uma mulher guerreira, honesta e honrada foi vítima de um golpe contra a democracia brasileira”, afirmou. Na opinião dela, o movimento social precisa intensificar a luta contra a retirada de direitos que ganha força com o impeachment da presidenta.
“Vão acabar com direitos trabalhistas, políticas sociais, calar a imprensa e a Lava Jato. Dia 22 terá um aquecimento da greve geral, impedindo que mexam nos direitos", declarou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.                         
A presidenta licenciada da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, ressaltou que o movimento social precisa permanecer nas ruas pressionando por eleições gerais. De acordo com ela, o processo no Senado foi, na prática, uma eleição indireta.
“Os fichas sujas julgaram uma presidenta honesta, a segunda votação que mantém os direitos políticos de Dilma é, na verdade, uma confissão de que ela é inocente”, argumentou Carina.

Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) concordou com Carina.

“A consumação do golpe com a preservação dos direitos políticos da presidenta Dilma Rousseff é a prova inconteste de que o conluio reacionário tinha, exclusivamente, o intento de assaltar o Palácio do Planalto para promover o retrocesso neoliberal e podar a esperança de milhões de brasileiros por uma nação Iivre, igual e soberana”, argumentou o sindicalista.

Andrey Lemos, presidente da UNALGBT, convocou a população para se manifestar nas redes e nas ruas em solidariedade à presidenta Dilma Rousseff. Da mesma forma, o militante afirmou que é necessário repudiar o golpe e denunciar a ilegitimidade do processo.
“Este processo é ilegal e antidemocrático que fere a Constituição e coloca em xeque a democracia desse país. Precisamos reagir. O movimento social precisa ir pra rua, nos manifestarmos nas ruas e redes sociais e continuar lutando”, enfatizou Andrey.