Empresários já falam em usurpar direitos e conquistas sociais

Com o resultado desta quarta-feira (31) da votação do impeachment no Senado ainda repercutindo na mídia e redes sociais, os empresários já falam em atacar direitos sociais e trabalhistas. 

presidente da CNI e Temer

"A nossa expectativa é que o governo seja perseverante com as reformas estruturais, necessárias para a solução de problemas crônicos do país. É urgente fazermos a reforma da Previdência Social e modernizar a legislação trabalhista", afirmou hoje por meio de nota o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade.

Já a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) preferiu sair em defesa da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que enviada pela equipe econômica de Michel Temer ao Congresso pleiteia o congelamento do orçamento do poder público por um período de 20 anos, admitindo apenas correção de inflação do ano anterior – a medida tem sido fortemente rejeitada por movimentos sociais e trabalhadores por impedir ganhos reais do orçamento para o atendimento de demandas sociais. “Junto com a Frente Parlamentar da Indústria de Máquinas e Equipamentos (FPMAQ), nós apoiamos a votação, o mais rápido possível, da PEC da limitação dos gastos públicos e incentivamos as reformas da Previdência e trabalhista”, afirmou em nota o presidente executivo da Abimaq, José Velloso.

 
Na linha de uma abordagem ufanista, o presidente do sindicato que representa as empresas do setor imobiliário, o Secovi-SP, Flávio Amaury, afirma que com o golpe parlamentar “o Brasil inicia hoje uma das mais esperadas fases de sua história. Temos um novo presidente da República: Michel Temer, um cidadão que se revela firmemente comprometido com o povo brasileiro e com o futuro da Nação”.
 
Animado com a mudança de governo, Amaury não poupa nem mesmo as destinações constitucionais para saúde e educação: “Espera-se de Michel Temer determinação para enfrentar questões complexas, como a reforma da Previdência, a reforma tributária e, entre outras, a PEC 241, que limita os gastos públicos em todas as esferas a um teto corrigido pela inflação do ano anterior e quebra as vinculações orçamentárias constitucionais para setores como saúde e educação”.
 
Os empresários tentam por meio de suas entidades mostrar união em torno do nome de Temer, mas na prática estão divididos, como de resto toda a sociedade brasileira. É o que mostra uma pesquisa com empresários, divulgada hoje pela Câmara Americana de Comércio (Amcham). “A votação do impeachment vem retardando investimentos e decisões estratégicas em empresas brasileiras, segundo 48% dos diretores e gestores financeiros ouvidos pela Amcham, em pesquisa aplicada no último dia 23, durante edição do CFO Fórum promovido em São Paulo. Outros 35% dos consultados afirmam que a indefinição política não é um fator de impacto no adiamento de investimentos e estratégias de negócio, e 17% preferiram não declarar ou avaliar impacto”, afirma o texto de divulgação da pesquisa realizada com 155 executivos de empresas.