UNE, Ubes e ANPG: Golpe na primeira mulher presidente da República
Após o golpe ter sido consolidado neste 31 de agosto com a aprovação do Congresso Nacional pela destituição da presidenta eleita Dilma Rousseff, as presidentas das entidades estudantis UNE, Ubes e ANPG comentaram sobre a situação futura do país. Para elas, a indignação deve aumentar a luta e a resistência as medidas de retrocesso nos direitos do povo.
Publicado 01/09/2016 17:49
A presidenta da UNE, Carina Vitral, acompanhou a votação direto do Palácio da Alvorada, em Brasília, ao lado da presidenta Dilma Rousseff e junto com parlamentares e militantes de várias entidades dos movimentos sociais. Ela comentou sobre o dia triste para a República. “Nossa democracia foi golpeada. E junto irão os nossos direitos conquistados com muita luta. Aos que lutam, só nos resta seguir lutando”, ressaltou.
Carina reafirmou sua disposição de estar nas ruas lutando pelos direitos dos estudantes, dos trabalhadores e dos aposentados, contra todos os retrocessos.
“Precisamos enfrentar os que querem colocar um ponto final na história de conquistas sociais dos últimos anos, que só foram possíveis por causa das nossas lutas. Não há nada que possa encerrar a esperança no nosso país. Deixemos, no lugar do ponto, as reticências. Nós, a UNE estamos apenas começando”, afirmou.
Junto com ela está também a presidenta da UBES, Camila Lanes, que divulgou nas suas redes que nesse momento tão delicado da nossa história resistir e ser solidária é necessário. Camila manifestou ainda preocupação com o governo ilegítimo afirmando que “a PL da escola sem partido vai ser fichinha perto do que pode vir”.
GOLPE CONTRA AS MULHERES
A vice-presidenta da UNE, Moara Saboia, também acompanha o processo da capital federal desde o dia do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff na segunda-feira (29). Na ocasião Dilma destacou as mulheres como “parceiras incansáveis”.
“Acompanhamos o pronunciamento, fizemos um ato muito bonito de rua, muito diversificado, onde estavam a juventude, os movimentos sociais, as mulheres, negros e negros. Justamente o oposto do Congresso, justamente o oposto de quem retirou a presidenta. Estávamos lá para demonstrar nosso apoio, reforçar nosso voto e reforçar que a população brasileira não está de acordo com esse processo. A gente continua aqui hoje, a UNE e outros movimentos sociais no Palácio junto com a presidenta nesse dia tão difícil”, destacou.
Apesar do sentimento de tristeza, Moara afirma que ele não pode ser confundido com desânimo, ao contrário, a indignação aumenta a luta e a resistência.
“É uma tristeza que se alia à luta. Nossas lutas não terminam hoje, elas ganham novo gás. Somos maioria de mulheres e lá vemos a maioria de homens. Somos maioria de negros e negras e lá a maioria é de brancos. Enfim, um Congresso no qual a classe trabalhadora não se sente representada. É um Congresso das grandes oligarquias que que quer impor uma agenda de cortes na educação, que quer acabar com investimento mínimo em educação e saúde. Nós do movimento social temos muita certeza que esse é um momento de grandes lutas e o que nos resta fazer é lutar e impedir qualquer retrocesso”, destacou.
Já a presidenta da ANPG, Tamara Naiz, esteve esta semana em Brasília, mas teve que viajar para uma atividade e por isso acompanhou de fora do Brasil. Ela falou do sentimento de muita angústia e lamento, principalmente por estar longe. “Nós sabíamos que seria um jogo de cartas marcadas, mas mesmo assim foi muito dolorido. Eu não pude evitar de ficar triste por não estar no meu país neste momento de uma ruptura democrática. Não pude evitar de chorar não só pela Dilma, pela nossa democracia, e pelas nossas possibilidades de futuro”, destacou.
E continuou: “Eu temo que tenhamos pela frente um passado muito triste para a maioria dos brasileiros, de pobreza, sofrimento, e falta de oportunidades. Mas também é momento de erguer a cabeça e continuar lutando, a luta nunca foi fácil, agora vai ser mais difícil, mas nós temos que continuar lutando”.
Dilma se pronunciou há pouco sobre sua cassação, em sua fala se direcionou às mulheres brasileiras e agradeceu.
“Às mulheres brasileiras, que me cobriram de flores e de carinho, peço que acreditem que vocês podem. As futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces. Abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero. Nada nos fará recuar”.
A UNE divulgou uma nota oficial em que destaca que o golpe tem alvo certo: estudantes, trabalhadores, mulheres, negros e negras, e LGBTs.