Angela Merkel enfrenta a maior impopularidade do mandato

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, enfrenta hoje a maior impopularidade que já viveu no cargo desde que assumiu. Enquanto índices de aprovação da chanceler federal e de seu partido caem, a direita avança.

Angela Merkel - Reuters/H. Hanschke

Segundo a a mais recente pesquisa de opinião Deutschland Trend (tendência na Alemanha) divulgada esta semana, a situação de Angela e de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU) permanece crítica. Dos cerca de mil eleitores entrevistados pelo instituto Infratest dimap, apenas 45% disseram estar satisfeitos com o trabalho da chanceler federal alemã – o menor nível registrado desde 2011.

Para muitos eleitores, o foco continua sendo a segurança interna, e, apesar de os secretários do Interior da CDU terem incluído o tema na agenda política, a popularidade de Angela e do partido continua baixa.

Propostas envolvendo restrições quanto à dupla cidadania, proibição parcial de véus islâmicos que cobrem o rosto, como a burca, maior presença policial e deportações mais rápidas foram discutidas pelos secretários do Interior da CDU em meados de agosto – tópicos que o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) vem defendendo há meses. Mas apesar dos esforços dos secretários do Interior, a CDU perdeu mais um ponto percentual em relação à última pesquisa, caindo para 33% na preferência dos eleitores.

Por outro lado, a AfD ganhou dois pontos percentuais, ultrapassando o Partido Verde e tornando-se a terceira maior força política no país.

Mesmo assim, a maioria dos alemães ainda confia na CDU para dar continuidade à política de asilo e refugiados. Entretanto, para 27% da população, nenhum dos partidos políticos do país possui soluções convincentes para o problema – um número bastante elevado. Somente 7% afirmaram estar confiantes de que a AfD tem as respostas certas.

Em 2017 os alemães vão eleger um novo Parlamento, assim como um novo chefe de governo. Quando questionada se irá concorrer à Chancelaria Federal novamente, Angela – no cargo desde 2005 – tem sido evasiva. Ela ocupa agora o sexto lugar na escala de popularidade entre os políticos alemães.

A evidente polarização em relação à política de refugiados se reflete na possibilidade de um novo mandato para Merkel: a maioria não gostaria de vê-la novamente como chanceler federal.

Ao menos em seu próprio partido, Merkel ainda recebe o apoio da maioria de seus correligionários, enquanto o aliado CSU tem hesitado em lhe prestar apoio. Um quarto dos sociais-cristãos se opõe a um novo mandato para Merkel. O partido chegou até mesmo a ameaçar enviar um candidato próprio eleição.

Além disso, as perspectivas não são as melhores para aquele que é considerado o futuro parceiro de coalizão predileto de Angela, o Partido Verde. Segundo as sondagens, os Verdes não seriam capazes de atrair um número suficiente de eleitores.

Apesar de tudo, a situação econômica da Alemanha é boa. Há uma abundância de postos de trabalho que injetam dinheiro nos fundos de seguridade social, a receita fiscal bate recorde e registra-se até mesmo um superávit. O Infratest dimap perguntou aos alemães o que o governo deveria fazer com a receita adicional.

Para 58% dos entrevistados, o dinheiro deveria ser investido, por exemplo, na manutenção e desenvolvimento da infraestrutura. Somente 16% defenderam o corte de impostos. E 22% dos entrevistados afirmou que gostaria que o governo reduzisse a dívida pública, que ultrapassa 2 trilhões de euros.

Numa simulação antes da campanha eleitoral do próximo ano, tanto o Partido Social Democrata (SPD) quanto a CDU/CSU sugeriram vários esquemas para redução de impostos. Mas isso não parece ser muito relevante para os alemães – a questão dos refugiados parece ter muito mais peso.