FUP critica demissão de quase 12 mil trabalhadores da Petrobras

Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), denuncia os riscos do plano de demissão "voluntária" anunciada pela Petrobras. São quase 12 mil funcionários que aderiram o Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV). No documento, a organização sindical critica os impactos da saída destes trabalhadores, "sem qualquer critério para reposição das vagas", "aumentando os riscos de acidentes" e ressalta a importância da recomposição dos efetivos. "O último a sair que apague a luz?"

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Os sindicalistas denunciam a política privatista e entreguista do governo Temer e se queixam da direção de Pedro Parente, que segundo eles, não esconde o desejo de entrega do patrimônio da estatal. "A gestão atual da Petrobras está gerando o desemprego de milhares de trabalhadores". 

A nota publicada nesta sexta-feira (2) pela FUP destaca a atitude criminosa da gestão da Petrobras em "querer aumentar o retorno financeiro dos acionistas às custas da vida dos trabalhadores". Segundo a Federação, "a direção da empresa mente deslavadamente quando afirma que implementará “diversas iniciativas com foco no desenvolvimento de lideranças e na gestão do conhecimento e do efetivo, para dar continuidade aos processos e garantir a segurança operacional das unidades”.

Abaixo a íntegra da nota da FUP:

O último a sair que apague a luz?

Em fato relevante divulgado nesta sexta-feira, 02, a Petrobras informou que 11.704 trabalhadores aderiram ao PIDV, o que representará uma redução drástica do efetivo próprio da companhia, levando em conta que nos últimos três anos, cerca de 8 mil petroleiros já deixaram a empresa sem que houvesse reposição dos postos de trabalho.

O resultado desse modelo desastroso de gestão serão mais e mais acidentes, colocando os petroleiros e a sociedade na iminência de uma grande tragédia anunciada, como aconteceu com a P-36, no governo FHC. Entre 1995 e 2000, mais de uma centena de trabalhadores morreram e dezenas de acidentes ambientais aconteceram no rastro dos planos de incentivo à aposentadoria e ao desligamento, que resultaram na evasão de mais de 10 mil trabalhadores. A companhia chegou a ficar dez anos sem realizar concursos públicos.

A direção da empresa chega ao absurdo de comemorar a rentabilidade que terá com a saída dos petroleiros, ao estimar que economizará R$ 33 bilhões até 2020. É, no mínimo, criminoso querer aumentar o retorno financeiro dos acionistas às custas da vida dos trabalhadores.

Além disso, ao reduzirem em 25% o efetivo em apenas três anos, os gestores da Petrobras colocam em risco também a herança de conhecimentos que os petroleiros desenvolveram ao longo dessas seis décadas da companhia e que é transmitida de geração para geração.

A direção da empresa mente deslavadamente quando afirma que implementará “diversas iniciativas com foco no desenvolvimento de lideranças e na gestão do conhecimento e do efetivo, para dar continuidade aos processos e garantir a segurança operacional das unidades”.

Se fosse realmente esta a intenção, as gerências estariam discutindo os efetivos com as representações sindicais, como assegura o Acordo Coletivo. Mas a direção da empresa preferiu fazer o caminho inverso, estimulando a saída dos trabalhadores para depois ajustar o efetivo. Ou, seja, o último a sair que apague a luz!

Tudo isso só comprova que o objetivo é reduzir o tamanho da Petrobras, tratando uma empresa de importância singular para o Brasil como se fosse um supermercado.

A FUP reforçará denúncias aos órgãos de fiscalização de que qualquer acidente ampliado que ocorrer será de inteira responsabilidade da gestão da Petrobras, cujo objetivo é reduzir o tamanho da empresa, que segue sendo tratada por Pedro Parente como se fosse um supermercado.

Rio de Janeiro, 02 de setembro de 2016

Federação Única dos Petroleiros