Macri e Temer iniciam “nova agenda positiva”

No marco da Cúpula do G-20, realizada neste sábado e domingo (3 e 4), na China, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, e o ilegítimo Michel Temer fizeram uma saudação cordial onde sequer mencionaram o golpe de Estado contra Dilma Rousseff.

José Serra e Mauricio Macri - Reuters

Para Macri, o golpe é uma “conjuntura superada” e inclusive já agendou uma visita de Temer à Argentina no próximo dia 8 de outubro. Desta maneira, o presidente argentino leva adiante o que chama de “agenda positiva” com o Brasil. Diferente de encontros anteriores, no período de Dilma e Cristina Kirchner, as propostas de ambos os presidentes agora são totalmente voltadas a cortes e reajustes neoliberais.

Macri afirmou que sua relação com Temer é “muito boa e positiva” e já sinalizou que a Casa Rosada não vai ver problemas no fato de o presidente ilegítimo do Brasil ter chegado ao poder por meio de um golpe. Afinal, o argentino já afirmou que houve respeito à constituição.

Talvez por este apoio, Michel Temer já anunciou, neste domingo (4) que o primeiro lugar a ser visitado será a Argentina. Por isso a agenda já está prevista para o dia 8 de outubro.

Avanço neoliberal na América Latina

Desde que Macri chegou à presidência (através de uma votação legítima) em dezembro de 2015, em menos de um ano o peso argentino já ficou 40% desvalorizado. Além disso, tarifas de serviços básicos como água, luz e gás sofreram reajustes de até 600%.

O desemprego já toma proporções preocupantes. Cerca de mil pessoas são demitidas por dia. E o presidente ainda concordou em pagar a dívida dos Fundos Abutres, que Cristina tanto resistiu e lutou para que fosse negociada respeitando a soberania nacional, isso vai custar mais de 12 milhões de dólares aos argentinos.

Nenhuma destas ações estavam presentes nas propostas de Macri durante sua campanha presidencial que prometia uma “revolução da alegria” para se construir uma Argentina com “pobreza zero”, onde todos poderiam “ter crédito e moradia própria”.

Em poucos meses, a Argentina já tem entre 4,5 e 5 milhões de novos pobres em todo o país. Isso de deve aos altos preços dos alimentos – alguns sofrerem reajustes de até 50%. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Centro de Economia Política Argentina (Cepa), a pobreza subiu de 19,82% em novembro de 2015, para 33,25% em abril deste ano.

Michel Temer, por sua vez, acusado pela população de golpista, em seu breve mandato já aplicou políticas no plano econômico que marcam uma nova era de privatizações e cortes de gastos públicos.

O golpe nem havia sido consolidado ainda, ou seja, Temer ainda estava em seu governo temporário quando seu ministro da Fazenda, Henrique Meireles, pediu aos outros ministros que analisassem “tudo que poderia ser privatizado”.

Na mesma linha, o ministro de Saúde, Ricardo Barros, anunciou que o acesso à saúde pública não deveria ser universal e chegou a mencionar o fortalecimento da saúde privada. Já o ministro da Educação, Mendonça Filho, deixou claro que privatizar as universidades públicas pode ser uma “solução” para a “crise econômica”.

Não bastasse isso, o ministro do trabalho, Ronaldo Nogueira, fala em flexibilizar as leis trabalhistas (a fim de prejudicar o trabalhador e beneficiar o patrão) e iniciar um projeto de “terceirização trabalhistas” a partir da qual, empresas poderão terceirizar seus serviços, até mesmo as atividades principais.