Movimento LGBT quer conquistar espaço nas Câmaras Municipais
Houve um tempo que a orientação sexual ou de gênero delimitavam o grau de inserção social das pessoas, onde gays, lésbicas, transsexuais e transgêneros eram excluídos ou viviam em silêncio por temerem o preconceito ou abandono. Como exemplo, até 1989 a homossexualidade era considerada doença na tabela da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os anos seguiram e o movimento LGBT foi conquistando avanços e direitos, apesar dos ainda atuais altos índices de violência e negligência com a população.
Publicado 08/09/2016 13:55
Por Laís Gouveia
Além de reivindicar direitos nas ruas e também através de políticas públicas, o movimento LGBT luta, nas eleições de 2016, para conquistar vagas nas Câmaras Municipais. O Portal Vermelho conversou com alguns candidatos e candidatas que levam em suas plataformas eleitorais a bandeira da igualdade e inserção social.
Rafaelly Wiest da Silva
A jovem Rafaelly Wiest da Silva, transsexual, é candidata à vereadora na cidade de Curitiba, Paraná. Desde 2009 ela atua diretamente na construção, formulação e debates sobre questões de direitos humanos, gênero, identidade de gênero, machismo, racismo, xenofobia e orientação sexual.
Rafaelly conta que, caso eleita, atuará diratamente na fiscalização e melhoras das políticas públicas da cidade.
"Com mais de 15 anos de acúmulo de experiência nos campos da política, educação e saúde, das lutas sociais e na área dos direitos humanos, estou apta à fazer renovação na Câmara Municipal. Sempre tive como diretriz e continuarei tendo como legisladora, o respeito aos princípios constitucionais da igualdade, liberdade e dignidade humana, assim como os valores da autonomia, acesso e oportunidades. Somos todas e todos livres e iguais em dignidade e direitos, a sociedade curitibana é plural e diversa", declara Rafaelly.
Fernando Quaresma
O advogado Fernando Quaresma é candidato à vereador na cidade de São Paulo. Ele leva em sua plataforma eleitoral a bandeira da luta LGBT. "Quem assume um cargo numa casa de lei tem que fazer valer o principio constitucional da igualdade. O Estado Laico tem que ser respeitado, pois isso garante este principio. A sociedade tem que ser vivida em sua diversidade e não podemos nunca aceitar que as casas de Lei continuem sendo usadas para pregar a desigualdade, o preconceito e a intolerância", argumenta Fernando.
Valéria Rodrigues
Valéria Rodrigues, transsexual, é candidata à vereadora na capital paulista e quer ser eleita para representar as demandas dos direitos das minorias, "quero trabalhar na defesa dos direitos humanos, que as pessoas LGBT´S tenham acesso à todas as áreas, em especial a educação e o trabalho, pois sem educação não há inserção mundo do trabalho e sem o trabalho não há como ter dignidade. Vou lutar para que as minorias tenham acesso aos benefícios que hoje são propriedade de alguns", diz Valéria.
UNALGBT: Ousadia para enfrentar conservadorísmo
Andrey Lemos, presidente da União Nacional LGBT (UNALGBT) considera que o contexto difícil que o país vive exige ousadia das candidaturas. "No momento que vemos a ascenção do conservadorísmo no país, onde uma mulher honesta teve seu mandato cassado [Dilma Rousseff], a democracia foi ferida e a constituição rasgada, é mais que urgente um debate profundo, que politize a sociedade e fale de processos civilizatórios, onde os direitos humanos sejam respeitados", afirma.
E continua, "penso que, neste momento, as eleições municipais cumprem um papel extremamente importante de contribuir com esse debate, no sentido de falar sobre representatividade e cidades mais inclusivas. Precisamos construir um processo onde todos se sintam contemplados e tenham a sua vida, trajetória e diversidade valorizadas, enquanto que sua subjetividade seja compreendida como dimensões da sua cidadania. Neste sentido, as candidaturas LGBT´S tem muito a contribuir, principalmente a dar visibilidade no debate que há pouco tempo atrás era extremamente invisivel", conclui Andrey.