Na véspera da Festa do Humanité, PCF defende fraternidade e unidade

De sexta-feira (9) a domingo (11) realiza-se na região norte de Paris a tradicional Festa do Humanité, jornal do Partido Comunista Francês. Um grande acontecimento político cultural cuja primeira edição data de 1930 e ao qual comparecem cerca de 500 mil pessoas. Às vésperas do evento, o Conselho Nacional do PCF se reuniu para analisar a conjuntura política nacional, abordando a espinhosa questão da eleição presidencial de 2017.

Festa do Humanité

Leia artigo publicado no Humanité nesta quinta-feira (8):

Às vésperas da Festa do Humanité, a direção do PCF se reuniu em sua sede central em Paris. Em face do horror dos crimes em massa cometidos durante o verão, os membros do Conselho Nacional do PCF se mostraram decididos a dar vida à fraternidade durante os três dias da festa e se debruçaram sobre a retomada da vida política, marcada por ranços de identidade chauvinista que uma parte dos responsáveis políticos da direita e da esquerda tentam impor, como da atividade social e os acontecimentos marcados para 2017. (1)

“Nada será mais dramático do que deixar que a direita, a extrema direita e o governo atual nos ditem os termos do debate nacional”, disse a presidenta do Conselho Nacional Isabelle de Almeida, considerando que o contexto contribui para a “propagação de discursos e ações racistas”, mas que os comunistas “não estão sozinhos” ao “trazer pistas para compreender, permitir o debate pluralista e propor respostas ao conjunto de causas que conduzem a tais atos de terror” e “trazer um discurso de acolhida e de solidariedade com os refugiados”.

Em face da multiplicação das candidaturas de esquerda durante o verão, o secretário nacional do PCF, Pierre Laurent, voltou a fazer um apelo de união pela esquerda tendo em vista a eleição presidencial de 2017. “O discurso de unidade não é um artifício conjuntural para resolver um problema eleitoral. Se as forças progressistas continuarem divididas iremos a uma situação muito grave”, insistiu Laurent, incitando a não subestimar as consequências de um segundo turno entre a direita e a Frente Nacional (de extrema direita), assim como de uma Assembleia Nacional (Parlamento) com maioria de direita.

Se diferentes vozes se fazem escutar no seio do PCF quanto à saída política – alguns apelam a apoiar Jean-Luc Mélenchon, outros a lançar um candidato comunista, outros ainda a priorizar a mensagem de unidade -, o Conselho Nacional do partido deverá voltar a se reunir no último fim de semana de setembro para preparar a conferência nacional de 5 de novembro próximo. Será “um momento de troca de opiniões, de avaliação de nossa abordagem e sobre a situação política, sobre a campanha para as eleições legislativas e a designação de candidaturas, de debate sobre os cenários possíveis, e de tomada de decisão concernente à candidatura à eleição presidencial”, informou Isabelle De Almeida.

Os militantes comunistas são convidados a ingressar no recinto da Festa munidos do questionário “Que quer o povo?”, cuja finalidade é não somente multiplicar a intervenção cidadã, mas também contribuir para a redação de um “pacto de compromisso comum”, que poderia unir a esquerda em torno do objetivo de progresso.

Por Julia Hamlaoui, para l’Humanité

(1) Na Europa, as férias de verão vão de junho a agosto. No início de setembro, as forças políticas retomam suas atividades. Habitualmente, os partidos políticos realizam eventos para marcar o retorno e indicar a orientação política para o período que se inicia. (Nota da tradução)

O Partido Comunista do Brasil será representado na Festa do Humanité por José Reinaldo Carvalho, secretário de Política e Relações Internacionais. O dirigente cumprirá uma intensa jornada de conversações com a direção do PCF e outros partidos e organizações de dezenas de países. No domingo, participará de um debate sobre o golpe de Estado no Brasil e as perspectivas da situação política brasileira, compartilhando a mesa, coordenada pela redação do Humanité, com representantes do PT, MST e da Fundação Perseu Abramo.