Conheça Moara Correa, primeira mulher negra a presidir a UNE
Por consequência do licenciamento da presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, devido a compromissos eleitorais como candidata à prefeitura de Santos, a entidade será presidida pela primeira vez por uma mulher negra. A jovem Moara Correa conta ao Portal Vermelho nesta segunda-feira (19) um pouco da sua trajetória militante e os desafios da gestão, em um contexto de golpe e retirada de direitos.
Por Laís Gouveia
Publicado 19/09/2016 18:20
Segundo informações do site da UNE, o Estatuto da entidade, aprovado no 51º Congresso da UNE em 2009, prevê que é atribuição do vice-presidente auxiliar o presidente.
Moara, eleita para a gestão 2015-2017 como vice-presidenta, diz que sempre atuou em conjunto com os movimentos sociais, mas começou a atuar efetivamente no movimento estudantil em sua graduação, quando conheceu os encontros setoriais da UNE e se reconheceu nos fóruns. Na sequência, ela foi eleita secretária-geral da União Estadual de Minas Gerais (UEE-MG) e, posteriormente, assumiu vice-presidência da UNE.
A jovem, estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), considera cada vez maior a presença das mulheres negras nos espaços de poder, mas observa que ainda existe um estranhamento. “O fato de eu ser a primeira mulher negra a presidir a UNE demonstra o racismo que ainda existe nos locais mais progressistas, pois essa participação é ainda algo incomum. Quando falamos da política tradicional, é algo mais alarmante ainda, pois o percentual da população negra que ocupa cargos legislativos ainda é muito pequeno e nós, mulheres e homens negros, trabalhamos muito para que esse movimento representatividade seja irreversível e cada vez maior”, salienta Moara.
Moara avalia que a UNE sai fortalecida do processo político atual. “É uma entidade histórica, que lutou pela redemocratização e possui jovens com uma rebeldia consequente e foi uma das primeiras organizações a denunciar o golpe de estado em curso no país, fazendo a defesa da democracia, que para nós é algo muito caro”, afirma.
“O principal desafio da UNE é lutar contra o golpista do Michel Temer, pois o pano de fundo é: Esse governo não tem condições de construir políticas que dialoguem com a juventude brasileira. Além disso, o nosso grito nas ruas é por Diretas Já, um instrumento para que a democracia seja retomada no país, não existe avanços de políticas públicas em um regime não democrático. Após anos de lutas que trouxeram a classe trabalhadores, mulheres, negras, negros e LGBT´s para a universidade, o nosso esforço agora é para barrar os retrocessos. A história da UNE se confunde com a luta pela democracia no Brasil, por isso defendemos novas eleições”, conclui Moara.