Erdogan: Recebemos refugiados de braços abertos, mas o Ocidente falhou

Em sua intervenção na sessão da Assembleia Geral da ONU, o presidente turco Recep Tayip Erdogan exortou os líderes mundiais para que façam uma frente comum contra o "terrorismo" no Oriente Médio.

Erdogan discursa na ONU

Erdogan disse que, apesar dos avanços tecnológicos do século 21, "centenas de milhares de crianças, mulheres e idosos continuam sendo assassinados" pelo terrorismo.

Em uma aparente mudança de posição em relação à Síria, ele disse defender a integridade do território daquele país. "A Turquia aprecia, mais que qualquer outro país, a integridade territorial da Síria. Não desejamos um território alheio e ninguém deve desejá-lo. Nossa operação ofensiva em Yarabulis é de suma importância para a segurança e a estabilidade na região. Nosso objetivo é limpar o território local do grupo terrorista Estado Islâmico".

A declaração vai contra o que o Estado da Turquia praticou de 2011 a 2015, quando deu refúgio, armas e treinamento aos terroristas do Estado Islâmico para que tocassem o terror na Síria, em uma operação também patrocinada por Arábia Saudita, Catar e Estados Unidos, desejosos de colocar um fim ao governo do presidente Bashar al-Assad e tomar o controle do país.

O conflito instalado no país do Oriente Médio fez com que milhares de pessoas deixassem o território sírio, em busca de paz. A Turquia, sob supervisão da ONU, passou a receber refugiados até o limite de 4 milhões deles. Em 2015 cessou o apoio por falta de dinheiro e começou a impelir os refugiados para o norte, para a Europa.

"A guerra na Síria já dura seis anos. Acomodamos 2,7 milhões de refugiados e não fechamos as portas. Gastamos US$ 12,5 bilhões para recebê-los, o que, junto com os recursos dos fundos não estatais, chegam a US$ 25 bilhões. A comunidade mundial, infelizmente, só repassou US$ 525 milhões. A União Europeia repassou apenas US$ 178 milhões. Estamos esperando ainda que cumpram seus compromissos. A ONU também aguarda", disse.

A orientação política tomou rumos diferentes depois que um golpe de estado fracassou em julho passado. Erdogan aproveitou o golpe para extirpar milhares de funcionários públicos que estariam "envolvidos". Falou-se, inclusive, que a derrubada do caça russo por turcos no início deste ano teria sido uma provocação feita pelos golpistas, desejosos de abrir um eventual conflito com a Rússia, isolar e remover Erdogan do comando do país. Porém, o auxílio ao terrorismo na Síria ainda permanece.

A partir do golpe fracassado, a Turquia tem se aproximado da Rússia e se distanciado da União Europeia e dos Estados Unidos.