França pede que Reino Unido assuma sua parte com refugiados em Calais

O presidente da França, François Hollande, pediu nesta segunda-feira (26) ao Reino Unido que assumisse a responsabilidade que lhe corresponde na administração da complexa situação dos refugiados na cidade de Calais.

Refugiados em Calais, França

Ao visitar a região pela primeira vez durante seu mandato, o chefe de Estado considerou: "Quero expressar minha determinação de pedir às autoridades britânicas que tomem sua parte no esforço humanitário que a França realiza e continuará realizando".

Neste momento, cerca de 10 mil refugiados permanecem em Calais à espera de uma oportunidade para cruzar o Eurotúnel – que atravessa o canal da Mancha – e chegar assim ao Reino Unido.

O panorama é bastante complexo, pois eles estão alojados em um acampamento irregular, conhecido como "A Selva", por causa de suas condições precárias, enquanto a população local se queixa de problemas de ordem causados pela aglomeração.

Hollande afirmou que "não é porque o Reino Unido tomou uma decisão soberana (em referência à saída de Londres da União Europeia), que agora está eximido de suas obrigações em relação à França".

Por outro lado, o presidente francês ratificou a intenção de desmantelar definitivamente A Selva de Calais, uma tarefa na qual irá "até o fim".

Neste fim de semana, Hollande visitou um centro de refugiados e confirmou que o plano é distribuir os estrangeiros em estabelecimentos em todo o território nacional.

"A França não será um país com campos de refugiados", sustentou no sábado, e acrescentou que "é um país de direitos, um país de leis", no qual "acolhemos dignamente, humanamente, às pessoas que pedem o direito de asilo".

O tema dos refugiados está no centro do debate político do país, há sete meses para as eleições presidenciais de 2017.

Na semana passada, teve início a construção de um muro de contenção, para impedir aos refugiados o acesso à estrada que conduz ao porto de Calais, um projeto acertado pelos governos da França e do Reino Unido.

A barreira, de quatro metros de altura e um quilômetro de extensão, foi duramente criticada e a prefeita de Calais, Natacha Bouchart, ameaçou interromper os trabalhos de construção.