2018 já começou entre tucanos: Goldman chama Doria de oportunista

Apesar da euforia da imprensa que utiliza o resultado das urnas para dizer que o PT saiu derrotado, no PSDB o clima não é de festa. O vice-presidente nacional da legenda e fundador do partido, o ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, voltou a criticar João Doria (PSDB), prefeito eleito de São Paulo.

Alberto Goldman

"Não vou abrir mão da minha visão crítica", afirmou Goldman com cara de poucos amigos. Ele fez questão de lembrar que assinou a ação que tramita no Ministério Público Eleitoral (MPE) contra Doria e o governador Geraldo Alckmin por suspeita de abuso de poder político nesta eleição."Assinei e no meu entender houve mesmo abuso de poder, não volto atrás", reforçou.

Goldman disse que Doria só venceu as eleições por conta do leque majoritário de partidos da aliança que, segundo ele, garantiu ao empresário uma base de candidatos a vereador fazendo campanha em todos os cantos da cidade e um tempo maior de propaganda de rádio e TV. Além disso, Goldman disse que Doria ainda contou com o voto do antipetismo e o seu discurso de "não político" em um contexto de descrença na política atual.

"Você utilizar o fato de não ser político é um oportunismo momentâneo, mas nunca achei que foi decisivo", afirmou Goldman, rebatendo o discurso de Doria que disse durante a campanha que não era um "político", mas um "gestor". Na semana passada, Goldman disse: "Doria é uma farsa".

Questionado se o apoio de Alckmin a Doria credencia o atual governador para ser o candidato da sigla em 2018 para presidente da República, Goldman disse: "Não vou minimizar o apoio de Alckmin, mas acredito que a vitória (de Doria) é resultado da soma desses fatores".

Apesar de minimizar o assunto quando se trata de Alckimin, o tucano não escondeu o racha interno no ninho e destacou que apesar do governador de São Paulo "ser um nome sempre expressivo neste cenário", o partido tem outros grandes nomes, como o do ministro das Relações Exteriores, José Serra, e do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

Goldman e o senador José Aníbal denunciaram Doria ao MP "por compra de votos" nas prévias da legenda. A crise se agravou e Andrea Matarazzo, um dos fundadores do PSDB e pré-candidato na disputa com Dória, deixou a sigla, filiou-se ao PSD e disputou a eleição como vice na chapa da atual peemedebista Marta Suplicy.