Lu Castro: A Conmebol machucou meu coração

A Libertadores da América é a competição sul-americana mais desejada pelos clubes. Que Champions League que nada! Aqui tem papel higiênico embelezando as arquibancadas, fogos, torcida cantando os 90 minutos, tem raça, jogo pegado, proteção policial pro cara que vai cobrar escanteio, quebra-paus dignos do nosso quente sangue latino. Em suma: nossa cara e ponto.

Por Lu Castro*

Taça Libertadores da América

Não deu pra faturar o título do Brasileiro? Relaxa! Ficamos entre os 4 primeiros! Venha Libertadores! Não deu pra ficar entre os 4? A Copa do Brasil é o “atalho”.

Mas a Conmebol resolveu dar uma sacudida no estado das coisas da competição e isso foi o suficiente para que alguns corações ficassem partidos. Sinal dos tempos, camaradas. Parece que o comunicado da entidade veio como um beliscão, antecipando a chinelada que nos deram neste domingo, 2 de outubro.

Meses de competição. Mais vagas. Provável final única em campo neutro. Aquele papinho de elitizar e meter o europeu nossa goela abaixo, como se fôssemos todos compatíveis com a formalidade e a paixão comedida pelo futebol. Não, espera. Paixão e comedida não ornam na mesma frase, logo, somos apaixonados e nos descabelamos por esta competição. Não tentem nos domesticar, por favor!

Libertadores é Libertadores! Ou era…ai ai ai, corazón espinado…como dói!

Em outra determinação, a entidade resolveu que os clubes que quiserem participar da competição, deverão ter equipes femininas. Muitos estão aplaudindo e estão esperançosos com a decisão, entretanto, cabe ponderar e formular alguns questionamentos, que levantei, inclusive, no perfil do Futebol para Meninas:

  • Se for pra fazer um catadão qualquer pra dizer que tem time feminino, eu digo NÃO, obrigada! Esses catadões se distanciam ABSURDAMENTE de equipes com mais estrutura e propiciam espetáculos bisonhos, que naturalmente acabam depondo contra a modalidade e criando a visão de sempre dos incautos: "o futebol feminino é uma porcaria".
  • Tomo como exemplo a lei do Profut: há UMA citação do futebol feminino na lei. Que vai do nada pra lugar algum. Não dá UMA diretriz.
  • Em alguns estados, não tem competição feminina. Chamam alguém com um projeto, coloca camisa e voilá! Vamos lá apanhar na Copa do Brasil! Estar inscrito em competição da federação não significa ter estrutura adequada pra competir. Há equipes com rotina que está LONGE de oferecer competitividade em determinados campeonatos. Entram pra tomar sacode. Fazem um jogo e adeus.
  • Sim, não posso deixar de falar sobre os placares mais que elásticos. Não se pode engrandecer este tipo de coisa. O negócio é feio!
  • Ou ainda, aquele papo de que time tal é 50 vezes campeão. Tem que olhar o contexto: tem estado aí que só tem UMA equipe com estrutura.
  • Alguma coisa mudará para as equipes que disputam a Copa do Brasil e conquistaram seu direito à vaga na Libertadores Feminina? Ou teremos mais um ranqueamento com base nas equipes masculinas e que podem tirar a chance de participação de equipes que há anos se esmeram em ter um time competitivo?

O que quero dizer, resumidamente é o seguinte: Façam a coisa direitinho, não deixem brechas, porque se não agirmos na causa, se não pensarmos e direcionarmos as coisas pra que o futebol feminino brasileiro e sul-americano se ESTRUTURE EFETIVAMENTE, teremos quase sempre jogos sofríveis e desinteressantes.

Repito: Competições com mais de 6 gols em TODA rodada, é fracasso, não sucesso.