FUP: Primeira fatura do golpe é a entrega do pré-sal

Para a Federação Única dos Petroleiros, a aprovação do projeto que retira a obrigatoriedade da Petrobras na operação das áreas do pré-sal coloca em risco a soberania do país e significará o desmonte da política de conteúdo nacional, que tem gerado empregos e riquezas. A entidade classifica a decisão como um "crime de lesa-pátria" e primeiro passo para o fim do regime de partilha. "O legado do pré-sal – saúde, educação, tecnologia, emprego, renda, desenvolvimento – está totalmente comprometido".

Petroleiros - Lydiane Ponciano/CUT nacional

"Na semana do seu aniversário de 63 anos, a Petrobrás foi vítima do maior ataque à soberania nacional desde a quebra do monopólio, em 1995", diz o texto divulgado no site da FUP.

Na nota, os petroleiros lembram que a aprovação do projeto ocorre após recentes reuniões do presdiente Michel Temer e deseu ministro de Relações Exteriores, José Serra, com os presidentes da Shell e da Chevron, "que estão há muito tempo de olho no Pré-Sal".

A entidade ressalta a resistência dos petroleiros à entrega do pré-sal e elogia o papel dos deputados que defendem a Petrobras e o Estado brasileiro. 

"Nossa luta não termina aqui. Fazemos um chamado a todos os brasileiros e brasileiras para que não se calem diante desse ataque à soberania nacional. Não podemos permitir que o Pré-Sal, o passaporte para o futuro dos nossos filhos e netos, seja entregue de bandeja àqueles que sempre exploraram as nossas riquezas", encerra o texto.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Deyvid Bacelar, ex-representante dos funcionários no conselho de administração da Petrobras e diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), a decisão da Câmara deve estimular manifestações contra a medida, com possibilidade de greve da categoria.

“A cada passo que o governo ilegítimo dá, no sentido de desmontar o Estado brasileiro, tirar direito dos trabalhadores e colocar em risco nossa soberania energética, ajuda as pessoas a entenderem o que está acontecendo por trás, o golpe que foi dado”, afirmou.

Confira abaixo a íntegra da nota da FUP

Primeira fatura do golpe é a entrega do Pré-Sal

Na semana do seu aniversário de 63 anos, a Petrobrás foi vítima do maior ataque à soberania nacional desde a quebra do monopólio, em 1995. Nesta quarta-feira, 05 de outubro, os aliados do governo Temer na Câmara dos Deputados Federais aprovaram o PL 4567/16, tirando da estatal brasileira a exclusividade da operação do Pré-Sal, que passará agora a ser explorado pelas multinacionais.

Além disso, o projeto acaba com a participação mínima de 30% que a Petrobrás tem em todos os campos do Pré-Sal, subtraindo da empresa mais de 82 bilhões de barris petróleo que lhe estariam reservados, se levarmos em conta as estimativas de que esta região produtora tenha reservas de pelo menos 273 bilhões de barris, como revelam estudos recentes. Que empresa no mundo abriria mão desta garantia, ainda mais neste momento em que as petrolíferas passam por uma das maiores crises internacionais do setor?

A aprovação do PL 4567/16 coloca em risco não só a soberania do país, como significará o desmonte da política de conteúdo nacional, que tirou das cinzas a indústria naval e fomentou a cadeia produtiva local de petróleo e gás, gerando empregos e riquezas no nosso país. Desde a quebra do monopólio da Petrobrás, nenhuma das petrolíferas privadas que passaram a operar no Brasil encomendaram navios, plataformas ou equipamentos à indústria nacional ao longo destas duas décadas de abertura do setor.

O crime de lesa-pátria cometido nesta terça-feira é também o primeiro passo para acabar com o regime de partilha, que conquistamos a duras penas para que o Estado pudesse utilizar os recursos do petróleo em benefício da população. O legado do Pré-Sal – saúde, educação, tecnologia, emprego, renda, desenvolvimento – está totalmente comprometido.

Tudo isso acontece no rastro de recentes reuniões que Temer e seu ministro de Relações Exteriores, José Serra, tiveram com os presidentes da Shell e da Chevron, que estão há muito tempo de olho no Pré-Sal.

Em 2009, quando era pré-candidato à eleição presidencial, Serra já havia prometido à Chevron acabar com o regime de partilha, conforme revelou telegrama obtido pelo Wikileaks. Ao se eleger senador, sua primeira missão foi criar o PLS 131/2015, o embrião do PL 4567. Com muita resistência, a FUP e seus sindicatos, junto com outras categorias e com os movimentos sociais, conseguiram impedir por meses a fio a votação do projeto, o que só acontecendo em fevereiro deste ano.

Na Câmara dos Deputados, novos embates foram feitos, com os petroleiros dia e noite resistindo e segurando na marra a entrega do Pré-Sal, graças ao empenho de deputados comprometidos com a soberania nacional. Esses valorosos companheiros foram imprescindíveis nas árduas batalhas que travamos e continuarão sendo fundamentais na defesa da Petrobrás e do Estado brasileiro.

Nossa luta não termina aqui. Fazemos um chamado a todos os brasileiros e brasileiras para que não se calem diante desse ataque à soberania nacional. Não podemos permitir que o Pré-Sal, o passaporte para o futuro dos nossos filhos e netos, seja entregue de bandeja àqueles que sempre exploraram as nossas riquezas.

FUP