Peruanos saem às ruas contra o Tratado Transpacífico

A principal manifestação aconteceu na capital, Lima, e contou com a participação de dezenas de movimentos sociais que consideram o tratado fomentado pelos Estados Unidos contrário aos interesses do povo peruano.

O projeto do Tratado Transpacífico está em discussão no parlamento do Peru e é defendido pelos parlamentares neoliberais aliados ao governo, principalmente membros da coalizão Peruanos pela Mudança (Peruanos Por El Kambio).

Segundo os parlamentares que se opõe ao Tratado, a medida vai causar impactos negativos nas áreas de saúde e educação, direitos trabalhistas, propriedade intelectual e meio ambiente.

A presidenta da comissão parlamentar dos Povos Andinos, Amazônicos, Afroperuanos, Ambiente e Ecologia, Maria Elena Foronda, denuncia que o projeto foi negociado em segredo, sem consultar a população.

“O TTP afetará de maneira vital o meio ambiente, a saúde, a educação, os direitos trabalhistas, a propriedade intelectual, as telecomunicações. Definitivamente é a continuidade de um neoliberalismo exacerbado”, diz um comunicado da Frente Ampla, coalizão de partidos progressistas.

Já a parlamentar quéchua, Tania Pariona, defende que o projeto seja levado à discussão popular porque vai prejudicar principalmente a vida dos povos originários. Segundo ela, a medida neoliberal vai permitir a expropriação de recursos naturais e culturas ancestrais de forma a ferir a soberania nacional.

O TTP

O Tratado Transpacífico é um acordo de livre comércio estabelecido entre doze dos países banhados pelo Oceano Pacífico. Diferente do Mercosul, que prevê integração social e cultural, o TTP é focado exclusivamente em questões mercadológicas a fim de obter lucro, independente dos impactos negativos que possa causar nos países signatários, por isso a população peruana se opõe.

Entre os principais riscos de aderir ao TTP, segundo os opositores do projeto no Peru, está o aumento do preço de medicamentos, devido a redução da competitividade de laboratórios; aumento da influência dos Estados Unidos sobre os países signatários e ameaça à liberdade de expressão, por ter legislar sobre o acesso à internet, a propriedade intelectual e a proteção de patentes.

Além disso, o Tratado também poderá alterar normas ambientais de acordo com a necessidade do mercado, desta forma as culturas ancestrais e os povos originários estariam vulneráveis.