Temer quer evitar agravamento da crise institucional 

Após a tentativa fracassada de promover as pazes entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e a presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármem Lúcia, que protagonizam há uma semana um bate-boca público, o presidente ilegítimo Michel Temer vai tentar novamente promover um almoço, nesta sexta-feira (28) com a presença dos dois. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) também deve ser convidado. 

Michel Temer - Reprodução / Pronunciamento oficial

O almoço marcado para esta quarta-feira (26) foi cancelado depois que a ministra Cármem Lúcia declinou do convite alegando “agenda cheia”. À tarde do mesmo dia, o presidente do Senado anunciou que vai participar da reunião com os representantes dos Poderes das República a ser realizada na sexta (28), às 11h no Palácio do Itamaraty.

Renan disse que deve participar do encontro na função de "bombeiro". “Eu não fico bem no papel de piromaníaco. Eu quero colaborar para que essa centelha não vire um grande incêndio. Nós temos que ter responsabilidades com o Brasil e com os princípios constitucionais”, declarou Renan.

Julgamento de Renan

O Presidente do Senado não se manifestou sobre o julgamento, marcado pela Presidenta do Supremo, para o próximo dia 3 de novembro, da ação apresentada pelo partido Rede Sustentabilidade, que argumenta que o Presidente da República não pode, no exercício das suas funções, responder a ações penais por crimes comuns.

Renan é alvo de ao menos 11 inquéritos que tramitam no STF. No dia 4 de outubro, o ministro do STF Edson Fachin liberou para julgamento uma denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente do Senado.

Na denúncia oferecida ao STF, a PGR considerou que Renan recebeu propina pela construtora Mendes Júnior para apresentar emendas que beneficiariam a empreiteira. Em troca, o peemedebista teria as despesas pessoais da jornalista Monica Veloso, com quem mantinha relacionamento extraconjugal, pagas pela empresa.

A data da análise da denúncia pelo plenário do STF também será definida pela ministra Cármen Lúcia, que é responsável por definir a pauta de julgamento de cada sessão.

Caso o plenário do STF aceite a denúncia da PGR, Renan Calheiros se tornará réu e responderá a uma ação penal por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.

Crise institucional

Os desentendimentos entre os chefes dos dois poderes – Legislativo e Judiciário, que ameaçam se transformar em uma grave crise institucional, já esperada após o golpe que destituiu a presidenta eleita Dilma Rousseff, são decorrentes da operação da Polícia Federal, realizada na última sexta (21), quando foram presos quatro policiais legislativos acusados de atrapalharem a Operação Lava Jato.

Michel Temer quer evitar que a crise entre os poderes deteriore ainda mais a situação política do país, que vem se agravando com a tentativa do governo ilegítimo de aprovar um projeto de desmonte do estado brasileiro, que privilegia o capital financeiro e prejudica os trabalhadores.

Após aprovação na Câmara da PEC 241, que congela os gastos por 20 anos, está nas mãos de Renan a votação da proposta no Senado.