Ato na Cidade de Deus reivindica fim da violência e perseguição

Os moradores da Cidade de Deus, favela localizada no Rio de Janeiro, realizarão um ato nesta quinta-feira (24) contra a onda de violência e perseguições que alastrou-se no local. No último domingo (20), um helicoptero da policia militar caiu na região, matando os quatro ocupantes. Na sequência, sete corpos foram encontrados em uma mata próxima à favela. Habitantes denunciam que a chacina foi represália à queda da aeronave. 

Por Laís Gouveia 

Violência na Cidade de Deus desperta onda de boatos e medo no Rio - MARCELO SAYÃO EFE

Nesta segunda-feira (21), a juíza do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Angélica dos Santos Costa, liberou a polícia realizar buscas e apreensões coletivas na Cidade De Deus, argumentando que os criminosos não se estabelecem em único local, mas vão ocupando casas, inclusive de moradores de bem. 

Após a autorização para a livre entrada da policia nas residências da favela, intitulada pelos moradores como "Pé na porta" o clima estabelecido no local é de pânico. "A polícia arrombou três apartamentos no mesmo andar que o meu, no bloco onde também moro na Cidade de Deus. São Moradores que conheço e sei que saíram para trabalhar. Combata o crime mas respeitem o Morador", denunciou o Rapper MV Bill nesta quarta-feira (23).  

"Não podemos perder o senso de justiça"

A presidenta da União de Negros pela Igualdade (Unegro) do Rio de Janeiro, Claudia, desabafa sobre o estado que a população negra se encontra na comunidade da Cidade de Deus. "Estamos vivendo um momento muito sério e triste, há um discurso sarcástico, é como se os pais criassem um filho para ser marginal, existe uma falta de respeito com pais e mães dos traficantes mortos na Cidade de Deus. Eu estive lá na comunidade nesta quarta-feira (24) à noite, atendendo ao pedido de socorro de uma jovem amiga, visivelmente quebrada depois de 15 horas de intenso tiroteio. Não podemos perder o senso de justiça. O traficante, que morreu, fez cumprir a escrita da sua vida, afinal as estatísticas comprovam que a maoiria é negra e com menos de 21 anos", ressalta a militante.