Para Temer, gravar presidente é indigno e caso Geddel é episódio menor

O presidente ilegítimo Michel Temer disse neste domingo (27) que considera uma “indignidade” alguém gravar o presidente da República e disse que vai “exigir” que a gravação feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero venha a público. A cortina de fumaça que tenta criar para desqualificar as acusações de ato de corrupção para favorecer os interesses pessoais de seu braço direito, Geddel Vieira Lima, demonstram a moral da cúpula que usurpou o poder.

Geddel e Temer - Foto: Beto Barata/PR

Segundo Temer, na conversa com Calero falou-se apenas sobre “um conflito entre órgãos da administração”, relacionado ao impasse com o Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) quanto à liberação da construção de um empreendimento imobiliário em Salvador, no qual o também ex-ministro Geddel Vieira Lima possui um apartamento.

“Ao que parece, ele [Calero] gravou a conversa. Com toda franqueza, acho que gravar clandestinamente é sempre algo desrazoável e gravíssimo. Se gravou, vou exigir que essa gravação venha à luz. Todos vocês sabem que sou cuidadoso com as palavras e que jamais diria algo inadequado”, disse Temer, acrescentando que a atitude de Calero foi de uma “indignidade absoluta”.

Por outro lado, em seu primeiro comentário sobre o escândalo que levou seu braço direito a pedir demissão, na última sexta-feira (25), foi chamar a pressão de Geddel contra Calero – que configura tráfico de influência – de “episódio menor”.

Na coletiva deste domingo, Temer voltou a minimizar o fato. Segundo ele, o escândalo de tráfico de influência não passa de “um conflito entre órgãos da administração” entre o Iphan da Bahia, que liberou o empreendimento, e o Iphan nacional, subordinado ao Ministério da Cultura, que não autorizou a construção do edifício em questão.

“O ex-ministro [Calero] me procurou na quarta-feira [23] à noite, durante o jantar com os senadores, dizendo que tinha um pedido [feito por Geddel] que seria difícil atender. Eu disse para fazer o que achasse melhor, e que se houve pleito, que visse o que seria melhor fazer”, contou. “Na quinta-feira [24], ele veio à tarde para falar comigo e me contou por inteiro o caso. Ele disse que não queria entrar na história.”

“Eu disse que se ele não quisesse entrar na história, havia uma solução legal: a lei diz que quando há conflito de órgãos, pode-se ouvir a Advocacia-Geral da União, que fará avaliação daquele conflito. Logo depois ele disse que queria voltar à noite para falar comigo. Voltou às 21h com a mesma conversa, com o mesmo conteúdo. Parece que ele gravou mesmo”, acrescentou Temer, dizendo ainda que o caso ganhou “dimensão extraordinária”.