Manoel Fonseca: O juiz Moro e o odioso maccartismo brasileiro

“Está embutida nesta ‘Petição de iniciativa popular’ a formação da ‘Comissão de Delação’, onde o delator será protegido pelo anonimato e, necessariamente, não precisa apresentar provas de sua delação. E os pequenos ditadores da Comissão, todos procuradores da PGR, decidirão quem será ou quem não será investigado, quem será e quem não será execrado publicamente por vazamentos seletivos de delações”.

Por *Manoel Fonseca

sergio moro

Os evangélicos Moro e Dallagnol são a reencarnação do senador americano MacCarter, um falso moralista, que foi líder de uma campanha terrorista, de difamação, calúnia e execração pública contra as lideranças progressistas de intelectuais e sindicalistas dos Estados Unidos. Criou um verdadeiro estado policial baseado na “deduragem” covarde e generalizada dessas lideranças, sem prova, através da Comissão de Delação do Senado.

Após praticar todo tipo de arbitrariedade contra Lula e sua família, contra as lideranças petistas e do empresariado nacional vinculado ao setor de infraestrutura, como prisão coercitiva, invasão de domicílio, vazamentos criminosos de denúncias sem prova, execração pública, prisões arbitrárias e condenação sem provas, baseadas em convicção apenas e na deturpação da teoria do “domínio do fato”, prisão por tempo indeterminado sem o devido julgamento, pressão psicológica para forçar a “deduragem”, proteção dos grandes corruptos como Alberto Youseff, Sérgio Machado, Aécio Neves, José Serra.

O juiz Sergio Moro, Dallagnol e procuradores da Lava Jato, numa união fundamentalista entre política e religião, convocaram os fiéis evangélicos e os analfabetos políticos para assinarem uma “Petição de iniciativa popular”, as famosas “10 medidas anticorrupção”, que constituirão, se aprovadas na íntegra, a base legal para a instalação do Maccartismo brasileiro.

Está embutida nesta “Petição de iniciativa popular” a formação da “Comissão de Delação”, onde o delator será protegido pelo anonimato e, necessariamente, não precisa apresentar provas de sua delação. E os pequenos ditadores da Comissão, todos procuradores da PGR, decidirão quem será ou quem não será investigado, quem será e quem não será execrado publicamente por vazamentos seletivos de delações, para jornalistas amestrados da Globo, da Folha, da Veja et caterva, que farão o trabalho sujo e orquestrado de difamação e calúnia.

E quais lideranças serão escolhidas para serem massacradas? Com certeza as lideranças progressistas, democráticas, socialistas, do campo e das cidades, serão os primeiros e talvez exclusivos escolhidos para o linchamento público.

Segundo o procurador Roberto Tardelli, será inaugurada a “República dos Delatores” – ou então a República dos Reportantes – e estão mais do que lançadas as bases para o país mais perigoso do mundo para se viver.

Brasil, o País do Medo. O País da Comissão que vai desmoralizar, constranger, achacar, pressionar, anular, humilhar, expor os inconvenientes.

O Ministério Público Federal, com o silêncio acovardado e cúmplice do STF, poderá ter uma Lei que o tornará todo poderoso, como instrumento de um estado policial e antidemocrático. O Maccartismo fascistoide seria legalizado em nosso país.

Ainda bem esta excrescência foi rejeitada e derrotada.


*Manoel Fonseca é médico, escritor, um dos coordenadores do Movimento Médicos pela Democracia do Ceará.

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