Regina Ribeiro: Eu pensei que…

Fiquei muito assustada quando li que a falta de combustível deve ser a causa do acidente com o avião da empresa LaMia, que causou a morte de parte da delegação da Chapecoense, jornalistas e tripulantes, num total de 71 pessoas. Entendo de aviação o tanto que entendo de futebol, mas a primeira pergunta que me veio à cabeça foi: “o piloto não sabia quanto combustível iria precisar para a viagem?” Hoje, leio sobre a sucessão de erros que poderão ter matado sete dezenas de criaturas. O título da matéria era a seguinte: “O piloto ‘pensou que’ o combustível fosse suficiente”.

“Pensar que…” pode causar muitos erros. Já cometi alguns pensando que estava tomando a melhor das decisões. Pratiquei algumas injustiças severas tomando como base apenas o que “eu pensava”. Já tive de pedir muita desculpa na minha vida por ter pensando – erradamente – sobre pessoas e situações. Já reuni minha família – marido e filhos – incontáveis vezes e disse pra eles “foi péssimo o que fiz, mas é que eu pensei que…”. Meu marido tem uma frase que é clássica para essas horas: “Meu amor, eu já falei pra você parar com esse negócio de pensar tanto…”.

Tenho certeza de que muita gente pensava que governo do “filólogo” Michel Temer seria muito diferente do que está sendo. Na economia, por exemplo, está sendo um desastre, aliás, ele está até melhorando algumas falhas de Dilma. No combate à corrupção, tem sido exemplar, às avessas: cercou-se de auxiliares investigados pela Lava Jato e ainda compartilha dos interesses particulares dos mais chegados. Diz que vai vetar a Lei Anticorrupção se aprovada pelo Congresso durante o dia, mas, durante a madrugada, pelas informações que nos chegam, acompanha a movimentação dos aliados em alterar a lei que os livrarão das penalidades dos crimes praticados.

Ele afirma que educação e saúde são prioridades, mas não tomou nenhuma medida concreta que preserve investimentos nessas duas áreas. Ao contrário, deixou a cargo da banca decidir o que vai ser. “Pensar que” pode – realmente – produzir erros irreparáveis que mudam para sempre o curso da nossa História.