Lindbergh diz que país corre risco de convulsão social em 2017

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) entende que o Brasil corre risco de entrar em uma convulsão social, citando a crise dos municípios e dos Estados, principalmente o Rio de Janeiro, o aumento do desemprego, a perda de rendimento real do trabalhador e um ajuste que prejudica os direitos dos mais pobres.

Lindbergh diz que golpe é para “varrer” direitos dos trabalhadores - Agência Senado

"Em um quadro como esse, nós precisaríamos de um presidente com legitimidade, e que apresentasse um caminho oposto ao que Temer está propondo. Você propor um plano de austeridade radical como esse é um suicídio, é uma loucura", afirmou.

Em entrevista para o Jornal GGN, ele afirma que alguns senadores estão com medo de que o governo de Michel Temer vá "desmanchar", e diz que a delação da Odebrecht deverá atingir nomes fortes do PSDB, como Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin.

Com a perspectiva de uma convulsão social, Lindbergh teme que 2017 possa trazer uma "saída autoritária". O Congresso, diz, não tem legitimidade para eleger um presidente pela via indireta, e afirma que existem emendas que colocam a possibilidade de eleições diretas caso o presidente da República seja afastado no terceiro ano de mandato.

Entretanto, mesmo com eleições diretas antes de 2018, ele diz que o favorito não deve ser um candidato do PT ou do PSDB, mas sim alguém com um discurso aventureiro e da anti-política, citando as eleições municipais ocorridas em outubro.

Sobre a votação no Senado do projeto de abuso de autoridade, marcada para esta terça-feira (6), o senador do Rio de Janeiro reafirma que não é possível debater um projeto sobre abuso de autoridade sem incluir o Poder Judiciário e o Ministério Público na lei. "A discussão deveria ser como fazer isso [a lei do abuso de autoridade] sem atrapalhar as investigações".

"O que está parecendo na Lava Jato é o seguinte: é como se não fosse possível fazer investigações respeitando a lei, respeitando a Constituição".

Ele cita o caso do executivo da OAS que foi condenado pelo federal juiz Sérgio Moro, ficou nove meses preso e depois foi absolvido, por unanimidade.

Lindbergh também levanta outros casos envolvendo Moro, como uma representação contra o juiz no caso Banestado, que foi para o Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, o redator foi o ministro Gilmar Mendes, que repreendeu o magistrado paranaense pela interceptação telefônica de conversas entre advogados. "A mesma coisa que ele fez com Lula, com o escritório do Roberto Teixeira [advogado de defesa do ex-presidente], ele já tinha feito em 2010", afirma.

Para o senador, o juiz federal faz "uso abusivo da prisão preventiva", e também entra no papel de "juiz de ataque", quando o magistrado atua de forma conjunta com o Ministério Público e a Polícia Federal.

Lindbergh defende a necessidade de um pacto pelo crescimento e pela geração de empregos. "Mas eu não vejo com quem me aliar", afirma, ressaltando que os senadores tucanos acreditaram na tese de que, com a saída de Dilma Rousseff, a confiança dos empresários iria voltar, retomando os investimentos e o crescimento da economia.

"Como se o empresário investisse por confiança. Empresário investe quando tem gente para comprar", diz. "Infelizmente o debate [sobre o crescimento] é muito frágil".

O senador relembra que alertou contra o pacote de ajuste fiscal do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, dizendo que o PT deveria ter "parado aquele processo suicida".

Por último, o senador petista falou na necessidade de pensar em outro caminho para a saída da crise, uma alternativa aos cortes nos investimentos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55.

"A gente do lado de cá [oposição] tem que apresentar propostas concretas. Com aumento de investimentos, políticas anticíclicas, redução da taxa de juros, mas também recuperar a Petrobras e a cadeia de óleo e gás", afirma. Ele também diz que é preciso levar em conta a demanda e o consumo das famílias, que representa parte considerável do Produto Interno Bruto.

"A gente precisaria de um presidente que tivesse força para fazer a anti-PEC 55", completa.