Sousa Júnior: Diretas Já, um remédio contra a intolerância política

“Diante da crise que se aprofunda, econômica e política, não há bandeira de luta mais apropriada e necessária contra intolerância política do que DIRETAS JÁ, mesmo que o calendário não nos seja favorável e a eleição indireta esteja no horizonte prolongando o sofrimento popular e aprofundando a crise”.

Por *Sousa Júnior

Diretas Já

Basta um rápido passeio pelas redes sociais e é fácil encontrar manifestações de intolerância política contra todos os partidos e não apenas contra o PT, como era mais frequente antes do golpe chamado de impeachment contra a Dilma. O que significa essa inflexão nas opiniões e movimentos liderados pela direita em nosso País, a exemplo da manifestação do último domingo (04)? Por acaso os chamados “coxinhas” perceberam que seus protestos contra a “corrupção” não lograram êxito e agora apontam suas armas contra o desgoverno golpista e corrupto de Temer e seus aliados?

A resposta afirmativa a essa questão, porém, embora tenha razão de ser, não explica o fenômeno que está ocorrendo, pois o ódio em geral a todos os políticos, sem distinção, sob o pretexto da luta contra a corrupção, é a manifestação mais clara do fascismo, a mais pura forma de negar a democracia, que alimenta todas as ditaduras e se inicia com a negação do voto popular, como aconteceu com Dilma, agora em 2016, e com João Goulart, em 1964.

Sem os políticos, eleitos pelo voto popular, quem terá força para governar o País senão os militares ou algum ditador amparado nas polícias militares de cada estado? As manifestações contra todos os políticos, cada vez mais frequentes nas ruas e nas redes sociais, o papel nocivo da imprensa golpista criminalizando a política e os movimentos sociais e endeusando promotores do Ministério Público, a conivência do Poder Judiciário com essa situação, legitimando o golpe e acobertando o abuso de autoridade, ao lado de um Congresso majoritariamente reacionário, tudo isso cria um ambiente favorável ao retrocesso que estamos vivendo, tanto em termos de conquistas sociais quanto de liberdades democráticas, pois não há como implementar as reformas pretendidas cuja mãe é a PEC 241/55 sem aniquilar a democracia para sufocar a reação popular que há de vir e começa a se revelar com as ocupações em todo País.

Mais do que defender o PT e o governo deposto de Dilma, mais do que defender Lula presidente em 2018, urge de imediato unir as forças sociais em defesa da democracia, da soberania do voto popular, e dos direitos constitucionais, entre eles o de livre manifestação nas ruas e nas ocupações, pois sem essas prerrogativas não haverá partidos de esquerda nem eleições democráticas. Diante da crise que se aprofunda, econômica e política, não há bandeira de luta mais apropriada e necessária contra intolerância política do que DIRETAS JÁ, mesmo que o calendário não nos seja favorável e a eleição indireta esteja no horizonte prolongando o sofrimento popular e aprofundando a crise. O certo é que, seja qual for a saída política viável para este momento, defender nas ruas e de forma unificada a democracia é a única forma de impedir a volta da DITADURA, pois é preferível o barulho das ruas (e das redes sociais) do que o silêncio imposto pelas armas.

*Sousa Júnior é diretor da web rádio Atitude Popular.

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