Situação haitiana sem solução

A crise política haitiana mantém-se sem solução e promete continuar alongando-se indefinidamente com o risco de complicar-se ainda mais. As eleições de 20 de novembro criaram expectativas, mas os resultados informados na última sexta-feira pelo Conselho Eleitoral Provisório (CEP) foram questionados pelas forças de oposição.

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Segundo o CEP, o candidato presidencial Jovenel Moise, do Partido Haitiano Tet Kale (PHTK), apoiado pelo ex-presidente Michel Martelly, obteve 55 por cento dos votos.

Os dados mostram em segundo lugar Jude Célestin, candidato da Liga Alternativa para o Progresso e o Empoderamento do Haiti (Lapeh), com 19,52 por cento de votos.

A listagem do CEP deu como terceiro lugar Jean-Charles Moise, candidato presidencial da plataforma 'Pitit Dessalines', com 11,04 por cento dos votos.

Em quarto lugar ficou Maryse Narcisse, candidata do partido 'Fanmi Lavalas', com 8,99 por cento dos votos emitidos, e o CEP disse que nenhum dos 23 candidatos restantes chegou nem a um por cento.

Ocorre que três dos nove membros do CEP se negaram a assinar esses resultados, que uma vez publicados foram impugnados por Jude Célestin, Moise Jean-Charles e Maryse Narcisse.

Centenas de habitantes dos bairros pobres da capital manifestaram-se na contramão dos dados que favorecem a Jovenel Moise e seus adversários recorreram ao tribunal de arbitragem eleitoral.

A situação complicou-se mais quando o tribunal de arbitragem eleitoral não se posicionou quanto as denúncias da oposição de que foi nomeado pelo CEP e não por sorteio de advogados como diz a lei. Esse defeito legal no processo gerou uma algazarra que interrompeu a sessão de trabalho e o órgão de arbitragem terá que se reunir novamente na próxima quarta-feira.

Paralelamente à discussão sobre a eleição presidencial, começaram a surgir questionamentos sobre os resultados do parlamento. O PHTK e seus aliados estão a ponto de ganhar quase todos os assentos para as eleições de um terço do Senado, como demonstram os resultados preliminares recém informados pelo CEP.

A tensão cresce e os partidários da Família Lavalas continuaram na segunda-feira (5) nas ruas da capital Porto Príncipe denunciando o que chamam de um 'golpe eleitoral', enquanto os partidários de Pitit Dessalines denunciam o CEP por corrupção.