Lula sobre governo Temer: Se existe motivo para bater panela, é agora

Durante participação do Congresso da União dos Núcleos, Associações de Moradores de Heliópolis e Região (Unas), nesta sexta-feira (9), em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou cobre a atual conjuntura política e sobre as medidas de ataque aos direitos dos trabalhadores propostas pelo governo de Michel Temer.

Lula - Ricardo Stukert

"É importante que a gente tenha noção do que está acontecendo no Brasil e compreenda para não cometer os mesmos erros", disse Lula, destacando que o projeto de governo apresentado por Temer é o mesmo que vigou durante anos no Brasil em que exclui os mais pobres e privilegia o setor financeiro e a elite.

O ex-presidente reforçou as medidas de Temer são motivos de fato para bater panela. "Aliás, é motivo pra bater a cabeça na parede. Parece que o sujeito que redigiu a regulamentação do trabalho escravo é que está sugerindo essa reforma da previdência", rechaçou Lula..

Lula ressaltou que, quando eleito, seu governo foi pautado no compromisso de elevar o patamar de vida dos mais pobres e que a receita para fazer o país voltar a crescer é incluir os mais pobres no orçamento. Segundo ele, foi essa decisão política que fez o povo pobre a consumir mais, a trabalhar mais, fez a economia girar e deixou de ser um problema para ser a solução do país.

"Eu fico até chateado com o Meirelles, porque ele sabe. Ele sabe que do jeito que ele está fazendo não vai consertar nada. Pode até agradar aos bancos, mas não vai consertar a economia", frisou.

"Os pobres não têm sindicato, não têm dinheiro pra fazer protesto, ninguém que os representasse. Essas pessoas sabiam que quando nascia seu filho, ele estava predestinado a ter o ensino fundamental e só. Nunca a elite deste país se preocupou com o ensino superior para os mais pobres", completou.

Lula disse que a saída para os problemas do Brasil é voltar a incluir os mais pobres no orçamento, é investir no crescimento. "Esse povo ainda vai voltar a sentir orgulho de ser brasileiro", afirmou.

Para Lula, as ações do atual governo estão voltando a aprofundar a enorme desigualdade entre ricos e pobres neste país. "Quem nasceu na cidade não faz ideia da enorme conquista que foi levar energia para 15 milhões de pessoas deste país… Quem chamava o Bolsa Família de bolsa-esmola não tem o menor conhecimento do povo pobre, que não vai se contentar com viver com 100, 150 reais por mês", destacou.

Lula também falou sobre a campanha de ódio e intolerância disseminada no país pela direita conservadora. "O ódio contra nós não é divergência política. Na minha opinião, o ódio contra PT, conta Lula, contra Dilma não tem outra razão a não ser o que foi feito neste país nesses 12 anos. Lembra quando criamos o Bolsa Família e eles chamaram de Bolsa Esmola?", disse.