Após golpe, PGR muda o tom e diz que quer investigar vazamentos

Os vazamentos relacionados à delação da Odebrecht envolvendo Temer e seus ministros provocaram a ira do governo. A palavra de ordem voltou a ser estancar. Em reunião de emergência, o ministro da Justiça, o tucano Alexandre de Moraes, se encontrou com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nesta segunda-feira (12), na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília.

Rodrigo Janot coletiva com jornalistas - Foto: Leonardo Prado/PGR/Divulgação

Desde a publicação da delação do executivo da Odecrecht que citou Temer e outros aliados, membros do governo se apressam em tentar desmontar a bomba-relógio. Em desespero, Temer se reuniu até com a cúpula do PSDB na manhã desta segunda.

O encontro com Janot também não estava na agenda de Moraes e a assessoria do ministro informou que ele cumpriria agenda em São Paulo. No entanto, ele entrou no gabinete do procurador-geral da República às 11h45, segundo jornalistas, e lá permaneceu por 35 minutos. Moraes não quis falar com a imprensa. Antes do encontro com Janot na PGR, Moraes esteve com o Michel Temer.

Segundo fontes do Planalto, o governo tenta construir uma tese para usar o vazamento à imprensa como justificativa para pedir a anulação da delação da Odebrecht.

A estratégia é um contradição, pois enquanto os vazamentos seletivos atingiam membros do governo Dilma e o PT, a PGR e demais setores faziam vista grossa para o crime. Quando questionado, já nem comentava o assunto. Após o afastamento de Dilma, o tom mudou completamente.

Em agosto, Janot chegou a suspender as tratativas de delação da OAS por causa de um vazamento. No caso da OAS, no entanto, o acordo de delação ainda não havia sido assinado. Neste sábado, Janot informou que iria solicitar uma investigação para apurar o vazamento de anexo de delação da Odebrecht.