Com Temer citado, Gilmar Mendes já fala em anulação da delação 

Crítico dos vazamentos de delações à grande mídia, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes decidiu deixar o campo das ideias e propôs, nesta terça-feira (13), que a Corte discuta o vazamento dos acordos de delação premiada de investigados na Operação Lava Jato.

Gilmar Mendes e Michel Temer

Em mais de dois anos de investigações da Lava Jato, dezenas de delações foram vazadas com exclusividade para veículos de comunicação. Agora, como um dos vazamentos atingiu o governo de Michel Temer, citado 43 vezes em delação de executivo da Odebrecht, Gilmar Mendes já cogita a possibilidade de anulação das delações, que têm sido divulgadas pela imprensa antes da homologação pelo Supremo.

"Claro que ela trouxe benefícios, mas vai precisar ser ajustada. Tudo que leva a esse empoderamento leva a abusos. Hoje, tem disputas entre o Ministério Público e a Polícia Federal para quem vai ter acesso, porque eles sempre atribuem os vazamentos à outra parte. Teria que pensar alguma coisa que levasse a uma anulação (em caso de vazamento). Como se fosse uma prova ilícita, pelo menos da denúncia ser recebida ou coisa do tipo", disse o ministro.

E completa: "O vazamento seletivo, o vazamento antes de chegar à autoridade, no caso, o ministro Teori, que é o relator. Em suma, são muitos problemas, que eu acho que precisam ser realmente discutidos. Acho que o STF tem que tomar posição sobre isso", disse o ministro.

A postura de Gilmar Mendes é completamente distinta da que adotou quando os vazamentos seletivos se tratavam de pessoas ligadas ao PT ou ao governo da presidenta Dilma Rousseff.

Gilmar Mendes tem manifestado seu incômodo com o vazamento dos depoimentos tomados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de investigados na Lava Jato, principalmente, as oitivas mais recentes, que estão relacionadas com a empreiteira Odebrecht e ainda não foram enviadas ao Supremo para homologação.