Altamiro Borges: A revolta contra o “gasolinazo” no México
O presidente mexicano Enrique Peña Nieto, bajulado pela mídia rentista como um exemplo de gestor “moderno”, está transformado o país em um verdadeiro barril de pólvora. No último domingo (1), ele autorizou um brutal corte nos subsídios do petróleo, o que elevou o preço da gasolina e diesel em até 20%.
Por Altamiro Borges
Publicado 07/01/2017 15:10
Revoltados com a medida, que agrava ainda mais a penúria deste sofrido povo, milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra o “gasolinazo”. A resposta do neoliberal foi a já conhecida: violenta repressão. Nos últimos dias, cerca de 500 pessoas foram presas e outras centenas foram alvo de bombas de gás e tiros de bala de borracha. O México está em chamas!
Segundo reportagem do site Opera Mundi, apenas na capital mexicana foram registrados 25 saques a centros comerciais e 16 bloqueios em postos de gasolina. “São atos à margem da lei, que nada têm a ver com uma manifestação pacífica, nem com o direito à livre expressão que todos os mexicanos têm”, declarou René Juárez Cisneros, subsecretário de Governo da Secretaria de Estado do México, para justificar a onda de repressão contra os manifestantes. A Procuradoria Geral de Justiça informou nesta quinta-feira (5) que entre os detidos estão 306 adultos – 255 homens e 51 mulheres – e 124 menores de idade. Mais prisões foram efetuadas em outras cidades.
A onda de revolta tem se expandido. Segundo Antônio Caballero, porta-voz da G-500, empresa que possui 1.800 postos de gasolina – dos 11 mil existentes no país –, “tivemos agressões em 400 deles”. Já a companhia Veracruz informou que 50 de seus postos “foram vandalizados” e ficaram fora de serviço. “Além dos postos, supermercados, lojas e centros comerciais também foram saqueados e avenidas e estradas foram bloqueadas em todo o país desde domingo, quando a medida que aumenta o preço da gasolina e do diesel de 15% a 20% entrou em vigor”.
Em seu primeiro pronunciamento sobre o ‘gasolinazo’ desde a entrada em vigor da medida, Enrique Peña Nieto afirmou na quarta-feira (4) que a ‘difícil e inevitável decisão’ é condizente com o aumento do preço do petróleo internacionalmente. “Como presidente, compreendo a irritação e a raiva que há entre a população em geral e entre distintos setores da sociedade. Para ele, a medida antipopular é necessária para “preservar a estabilidade econômica”. Ele também justificou a brutal repressão aos manifestantes. Já os movimentos sociais e as entidades de direitos humanos do México têm criticado à violência policial.
“A FLEPS (Frente de Liberdade de Expressão e Protesto Social), formada por diversas entidades sociais como o Instituto Mexicano de Direitos Humanos e Democracia e Serapaz, exigiu das corporações policiais que “se abstenham de realizar qualquer conduta que derive em algum uso arbitrário e excessivo da força pública”, ao mesmo tempo em que pediu aos organismos estatais de direitos humanos, como a Comissão Nacional de Direitos Humanos, que “cumpram com seu mandato de proteção” através do monitoramento dos protestos, “evitando qualquer ato ou omissão que seja em detrimento da segurança, liberdade e integridade das pessoas”.
Já no Brasil…
Enquanto o México arde em chamas, o covil golpista do Judas Michel Temer segue aumentando o preço dos combustíveis. Nesta quinta-feira (5), a Petrobras anunciou um reajuste de 6,1% no diesel.
A mídia chapa-branca, que fez o maior escarcéu com a falsa promessa da redução do preço da gasolina, tem evitado dar manchete para os sucessivos “gasolinazos” impostos por Pedro Parente, o exterminador da Petrobras.
Mas até quando a população brasileira ficará inerte? O reajuste da gasolina e do diesel afeta diretamente o preço dos gêneros de primeira necessidade e tem impacto na alta da inflação. Será que o Brasil poderá virar em breve um México?
Fonte: Blog do Miro