Rota do Mediterrâneo é a mais letal para migrantes e refugiados

Depois do mar Mediterrâneo, travessia do Saara e do norte da África e fronteira entre México e EUA são trechos com mais mortes de refugiados e migrantes no mundo, que totalizaram 7.495 no ano passado, segundo Organização Internacional para Migrações.

Refugiados da África em barco no Mar Mediterrâneo

A rota do Mediterrâneo foi, pelo terceiro ano consecutivo, o trajeto mais letal do mundo para migrantes e refugiados, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (06/01) pela OIM (Organização Internacional para as Migrações).

Segundo os dados da OIM, durante 2016, 5.079 pessoas morreram na tentativa de atravessar o mar Mediterrâneo, partindo do norte da África e do Oriente Médio em direção à Europa – quase 14 mortes a cada dia do ano. O número representa um aumento de 34% em relação ao ano passado, quando foram registradas 3.777 mortes no trajeto. Em 2014, 3.279 casos de mortes ou desaparecimentos foram registrados.

Os números globais também subiram, com o aumento do número de mortes ou desaparecimento de migrantes em 2016 em quase todas as regiões analisadas, com exceção de Ásia e Europa.

No total, foram registradas 7.495 mortes de migrantes e refugiados no mundo enquanto buscavam de um lugar melhor para viver em 2016. A rota do Mediterrâneo foi de longe a mais mortífera, mas o segundo caminho mais letal foi o do Saara e norte da África, com 1.124 mortes enquanto migrantes e refugiados tentavam chegar à costa do norte do continente. O terceiro, segundo a OIM, foi na fronteira entre México e Estados Unidos, com 432 mortos.

O afogamento foi a principal causa de morte no Mediterrâneo, com 4.218 das mortes registradas. Incêndio em barcos, desidratação e hipotermia foram outras causas de morte de refugiados e migrantes ao atravessar o mar. Em outras regiões, houve também registros de vítimas em acidentes de trânsito e trem, além de doenças e assassinatos.

Segundo a OIM, 363.348 refugiados ou migrantes atravessaram o mar Mediterrâneo em 2016. Do total, 181.436 chegaram à Itália, procedentes da costa da Líbia e do Egito. Outros 173.561, a maior parte deles de Síria, Afeganistão, Iraque, Paquistão e Irã, partiram da Turquia ou de outras origens até a costa da Grécia.

Dos demais que chegaram aos portos italianos, grande parte procedia de Nigéria, Eritreia, Guiné, Costa do Marfim, Gâmbia, Senegal, Mali e Sudão.

“Esses números – 18.502 mortes em três anos – são simplesmente chocantes”, afirmou em comunicado William Lacy Swing, diretor geral da OIM em Genebra, que diz que os números reais provavelmente são muito maiores do que os indicados. “São 1.096 dias, de acordo com o calendário – ou quase 20 mortes por dia. E acreditamos que não estamos nem perto de contar todas as vítimas. Já passamos do tempo para contar. Devemos agir para tornar a migração legal e segura para todos”, declarou.

Fonte: Opera Mundi