Equador completa 10 anos de Revolução Cidadã

Neste domingo (15) a Revolução Cidadã completou dez anos de profundas transformações sociais no Equador. O sistema político implementado pelo presidente Rafael Correa em 2007 já tirou 2 milhões de pessoas da extrema pobreza, isso significa mais de 13% da população deste país com pouco mais de 15 milhões de habitantes.

Por Mariana Serafini

Revolução Cidadã - Presidência do Equador

Em um ato realizado em Guayaquil, uma das principais cidades do país, milhares de equatorianos saíram às ruas para saudar o presidente pela década de direitos conquistados. “O povo assumiu o controle de seu destino e em apenas uma década transformamos de forma irreversível a pátria”, afirmou Correa em seu discurso.

Em 2007 o movimento Alianza Pais (coalizão de partidos de esquerda encabeçada por Correa) chegou ao poder com a proposta de uma assembleia constituinte a fim de combater uma crise aguda enfrentada no país. A nova Constituição foi aprovada em 2008 por meio de um referendo popular e desde então a Revolução Cidadã impulsionou uma série de políticas inovadoras para garantir justiça social e combate à desigualdade.

Ao longo desta década a Revolução passou por 10 pleitos populares distintos – eleições e plebiscitos – e venceu todos eles. Agora o país está às vésperas da primeira eleição presidencial (a ser realizada em fevereiro) que Correa não será o candidato. A expectativa é que o ex-vice-presidente, Lenin Moreno, seja seu sucessor. Durante o ato político a população gritava palavras de ordem onde afirmava que o candidato governista seria eleito “em uma só volta”, ou seja, no primeiro turno.


Rafael Correa participa de ato em Guayaquil | Foto: Efe
 

Correa destacou que seu projeto, criticado pela oposição, investiu mais de 85 bilhões de dólares ao longo deste período e graças a isso foi possível inaugurar uma obra por dia, muitas das quais foram postergadas por décadas pelos antecessores.

De acordo com o presidente, o Equador foi reconhecido internacionalmente como o país de economia baseada no petróleo com maior capacidade de aproveitar seus recursos para reduzir a pobreza. “São mais de 2 milhões de pessoas que saíram da pobreza, não com assistencialismo, nós atacamos as causas estruturais da pobreza”, afirmou.

Isso foi possível porque o país travou uma batalha internacional e conseguiu fechar a base militar de Manta, controlada pelos Estados Unidos e assumiu o controle do petróleo de dos recursos naturais. Desta forma, os equatorianos conquistaram soberania nacional perante as empresas estrangeiras e o governo pagou a dívida externa, equivalente a três vezes o orçamento investido hoje em transformações sociais.

Até a chagada da Alianza Pais o Equador era conhecido por uma incontrolável instabilidade política. Depois da eleição de 2006, Correa foi reeleito em 2009 após a aplicação da nova constituição e em 2013 com larga margem de vantagem sobre seu opositor. Além disso, venceu referendos em 2007, 2008 e 2011.


Rafael Correa e o atual candidato à presidência pela Alianza País, Lenin Moreno | Foto: Andes


O presidente criou projetos acadêmicos ambiciosos, entre eles, a Universidade das Artes para a criação de produção e difusão artística; a Unae para a capacitação docente; Yachay para a investigação, inovação e produção tecnológica; Ikiam, a Universidade Amazônica para a geração de bioconhecimento.

Além disso, o ensino médio passou por um crescimento quantitativo bastante relevante, fio de 47,9% de permanência em 2007 para 63,9% em 2016. Já a educação superior teve um aumento de quase 1,5 milhão de matrículas, foi de 2 milhões para 3,479 milhões de alunos universitários. Um investimento de quase 2% do PIB em educação permitiu que mais de 7 mil alunos cursassem carreiras em universidades no exterior.

Mesmo diante de uma crise financeira generalizada, o Equador conseguiu conquistar avanços econômicos e sociais importantes. Par ao presidente, isso foi possível porque a prioridade do governo são as pessoas e não o mercado. “Para nós, a verdadeira liberdade é a não dominação, é o trabalhar ter seus direitos respeitados, a liberdade das donas de casa ter acesso à segurança social, a liberdade do acesso à saúde, educação com direitos e não como mercadorias”.

O ato político em Guayaquil contou com a participação de milhares de pessoas integrantes de partidos políticos, ativistas dos direitos humanos, dirigentes sociais, líderes indígenas, estudantes e trabalhadores. No próximo dia 19 de fevereiro a Revolução Cidadã será colocada à prova uma vez mais. Pelo que indicam as pesquisas políticas, a população dará uma nova chance à “década ganha” como diz o presidente.