Em 2017, três dirigentes sociais já foram assassinados na Colômbia

Em 2016 a Colômbia deu um passo importante rumo ao fim dos mais de 50 anos de conflito entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias – Exército do Povo) com a assinatura do Acordo de Paz. No entanto, isso não significa que o crime organizado e os paramilitares tenham deixado de atuar no país, ou que os dirigentes sociais estão livres de perigo.

Dirigentes sociais assassinados na Colômbia - Fotos de arquivo pessoal

A prova disso é que só nos primeiros dias deste ano três dirigentes sociais já foram assassinados no país. O caso mais recente é o da integrante da organização Conpaz (Comunidade Construindo Paz nos Territórios), Emilsen Manyoma e seu esposo Joe Javier Rodallega. Os dois foram encontrados mortos nesta terça-feira (17), depois de terem recebido ameaças e passar dias desaparecidos.

Há apenas dez dias, em 7 de janeiro, outro dirigente social também foi assassinado no departamento de Cesar. Aldemar Parra García era presidente da Associação Apícola de Cesar (Asograce).

Os dois casos tem um fator em comum: ambos receberam ameaças dias antes do crime e as comunidades onde atuam perceberam movimentação estranha de pessoas que agora podem ser considerados suspeitos.

Emilsen e Joe

Segundo as primeiras versões da comunidade local, o casal Emile e Joe desapareceu no sábado (14) e só foi encontrado nesta terça-feira, já sem vida, em outro bairro. Ele havia sido ameaçado e os moradores da comunidade afirmam que uma camionete estranha rondava o local nos últimos dias.

Acredita-se que a atuação do casal contra os interesses empresarias e o controle local dos paramilitares pode ter sido a motivação do crime no distrito de Buenaventura. Emilsen era atuante em defesa dos direitos humanos em sua comunidade e desde meados do ano passado trabalhava na documentação de assassinatos e desaparições para a Comissão da Verdade da Colômbia.

Aldemar

A pesar da pouca idade, apenas 30 anos, Aldemar era um reconhcido líder social em sua comunidade, El Hatillo. Há pouco tempo era presidente da recém criada Associação Apícula, cujo objetivo é implementar projetos produtivos para famílias da região e fomentar um processo de reassentamento de famílias desalojadas.

Na tarde do sábado (7) depois de voltar de uma pescaria, Aldemar foi perseguido por duas pessoas em uma moto que atiraram e fugiram. O dirigente social morreu na hora. Os moradores da região afirmaram que a moto havia vinha rondando a comunidade há alguns dias.

A justiça ainda não tem informações sólidas sobre qual o real motivo dos dois crimes que em muito se parecem. O fato é que as comunidades, não só as atingidas, sentem-se acuadas com a ação repressora que pode ter vindo de grupos paramilitares.

Ao longo das últimas décadas estes grupos paramilitares da Colômbia têm recebido aporte, muitas vezes do governo, para combater a guerrilha armada, principalmente as Farc. Isso desencadeou uma guerra no país contra movimentos sociais, organizações de luta pela terra e dirigentes de esquerda.