Oposição venezuelana rejeita diálogo com governo Maduro

Desde que a Venezuela começou a enfrentar uma profunda crise econômica e política, diversos organismos internacionais e Estados passaram a defender o diálogo entre o governo e a oposição a fim de buscar uma solução conjunta em defesa da população. O presidente Nicolás Maduro não só aceitou a proposta, como convidou seus opositores para encontrar uma saída.

Diálogos na Venezuela - Efe

No entanto, depois de mobilizar organismos internacionais e até o papa intervir no processos, a MUD (Mesa de Unidade Democrática) – coalizão de partidos opositores – não aceitou os termos para retomar o diálogo com o poder Executivo. Quem anunciou a decisão foi parlamentar opositor Carlos Ocariz. “São inaceitáveis os termos do documento. Não o aceitamos nem o assinaremos nunca”, afirmou.

O grupo de mediadores – Ernesto Samper, secretário da Unasul, o Vaticano e os ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha), Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá) – entregou na última sexta-feira (20) aos representantes da MUD e do governo Maduro um plano de 21 pontos para reestabelecer o processo de diálogo.

O "acordo de convivência democrática" sugere a realização de eleições para governadores (que deveriam ter ocorrido em dezembro passado), junto com as de prefeitos, este ano, e propõe "abordar" o cronograma eleitoral de 2018. A eleição presidencial está prevista para dezembro de 2018, mas a MUD quer antecipá-la.

Aldo Giordano, um dos representantes do Vaticano no processo, afirmou na terça-feira (24) que a proposta entregue ao governo e à oposição é para “reflexão” para a elaboração de um documento comum. “Temos a esperança de alcançar um documento comum e que seja a base para esta etapa de diálogo”, disse Giordano.

O diálogo entre o governo e a oposição venezuelana iniciou-se no fim de outubro passado e foi suspenso no início de dezembro, quando a oposição acusou o governo de não cumprir o acertado e abandonou as negociações. A proposta dos mediadores pede, entre outras medidas, que os poderes Executivo e Legislativo se reconheçam mutuamente e pede que as duas partes não utilizem o diálogo para fins partidários e eleitorais.