Gaydel Gonçalves: O Carnaval e a crise

"Cada gestor municipal deve fazer uma avaliação criteriosa, pesar os prós e os contras, elencar as urgências e as prioridades para, então, tomar a decisão de custear ou buscar alternativas para realizar a festa”.

Por *Gadyel Gonçalves

Gadyel Gonçalves

Por mais difícil que seja para os municípios, a suspensão do repasse de verbas do Governo do Estado para o Carnaval, pelo terceiro ano consecutivo, tem sua razão de ser. As desigualdades históricas do Pacto Federativo e a crise financeira generalizada, agravada nos últimos anos, fazem com que o Poder Executivo seja forçado a eleger prioridades e focar na resolução de problemas emergenciais. Tanto em nível estadual quanto municipal. Nesse processo, algumas áreas e ações invariavelmente são sacrificadas.

Com o cenário negativo da economia brasileira, há uma apreensão generalizada dos agentes econômicos e queda na atividade econômica, bem como na arrecadação de tributos. A constante cautela dos gestores públicos na hora de gerar despesa aos seus municípios é fundamental. No entanto, a importância do Carnaval, como festa popular e evento propulsor do desenvolvimento econômico em vários municípios, não pode ser simplesmente negligenciada. Nesses casos, cabe às administrações municipais encontrar alternativas que viabilizem a realização dos festejos mominos, dentro de parâmetros financeiramente mais modestos, ou mesmo por meio de parcerias arrojadas com a iniciativa privada.

Os municípios com tradição carnavalesca podem e devem driblar a crise e a falta de repasses estaduais para manter a festa. O Carnaval, em muitos casos, tem grande potencial para atrair turistas e visitantes, gerar emprego e renda, além de possuir grande importância cultural e social de lazer da população.

Cada gestor municipal, no entanto, deve fazer uma avaliação criteriosa, pesar os prós e os contras, elencar as urgências e as prioridades para, então, tomar a decisão de custear ou buscar alternativas para realizar a festa. O Governo do Estado tomou sua decisão, e a mesma não merece ser contestada, diante da gravidade da situação econômica vivenciada em todo o País.

*Gadyel Gonçalves é presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) e prefeito de São Benedito

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