Justiça determina aos grandes clubes do Rio jogos com uma só torcida

O assassinato de Diego Silva dos Santos, torcedor botafoguense, no último dia 12, antes da partida entre Botafogo e Flamengo, foi o pretexto para a Justiça proibir a presença de torcida adversária nos jogos chamados clássicos do Rio, de clubes com grandes torcidas.

Decisão usou como pretexto a morte de torcedor fora de estádio

A determinação foi divulgada nesta sexta-feira (17), em caráter liminar, pelo juiz Guilherme Schilling Polo Duarte, do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos.

Caso os clubes e a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) descumpram a determinação, deverão pagar multa de R$ 30 mil diários.

O pedido de liminar havia sido feito pelo Ministério Público, diante dos inúmeros casos de violência no futebol. A ação tem como réus Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense e Ferj. “Defiro a liminar… sendo autorizada a comercialização de ingressos apenas para a torcida do time mandante do jogo”, escreveu o magistrado em sua decisão.

Para embasar a sua decisão, o juiz alega ter utilizado dados de pesquisas – inclusive uma da Universidade de São Paulo – que mostram a crescente violência entre torcedores, com mais de 100 mortes em duas décadas. “O quadro de crescente violência nos estádios e suas cercanias é alarmante e de conhecimento público… Os resultados mostram que durante 20 anos ocorreram 133 mortes de torcedores brasileiros, vítimas de enfrentamentos entre torcidas e acidentes em estádios,” diz o magistrado, ignorando que a maior parte destas mortes ocorreu fora do estádio, nas ruas.

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Ferj, respondeu por meio de uma nota, dizendo que acatará a determinação judicial, enquanto esta estiver valendo. "Vamos cumprir enquanto a decisão estiver prevalecendo. Entretanto, continuamos com a opinião de que não é isso efetivamente que vai influir na violência nos estádios. No interior, a prevalência e a incidência de atos violentos são insignificantes estatisticamente. O grande problema está fora dos estádios, às vezes até a quilômetros de distância, onde acontecem atos de vandalismo."

"A solução efetiva e eficiente deve sair de um entendimento com os envolvidos. Não só o Judiciário. Mas Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal, clubes, com todas as pessoas envolvidas no planejamento para ver se conseguimos reduzir o risco. Há muitos anos a Ferj luta pela paz no futebol. Já fizemos inúmeras reuniões sobre o assunto, debatemos inclusive no Tribunal de Justiça, que tem uma comissão constituída para o assunto. Mas de qualquer forma é uma decisão judicial e vamos cumprir incontestavelmente no momento."

Do Portal Vermelho, com agências