Globo age nos bastidores e impede transmissão de Atletiba

Diante de uma proposta de transmissão da Globo considerada ruim por dirigentes do Atlético Paranaense e do Coritiba, os dois clubes resolveram inovar e realizar a transmissão da partida pelo YouTube, por meio dos canais que mantêm na rede social. Ocorria tudo bem até que a Federação Paranaense de Futebol interveio e mandou o conjunto de arbitragem não dar início ao clássico enquanto houvesse transmissão pela Internet.

Jogadores do Atletiba se reunem em campo e se despedem de torcedores

O jogo seria disputado na Arena da Baixada, estádio do Atlético e a federação enviou o quadro de arbitragem para a partida. Mas, inexplicavelmente, instantes antes ela ordenou que a partida não fosse iniciada enquanto houvesse transmissão ao vivo.

Os dirigentes das duas equipes se reuniram, houve várias tratativas entre eles e a Federação para que a transmissão pudesse ser realizada. Mas não houve acordo. Os jogadores dos dois clubes se reuniram dentro do campo, aplaudiram a torcida e se retiraram para o vestiário.

O motivo alegado pela FPF para proibir que houvesse a transmissão foi patético. As equipes que transmitiriam o jogo não tinham sido credenciadas e não poderiam estar dentro do campo, até mesmo dentro do estádio. Não há um contrato entre os clubes e a TV Globo, mas ficou evidente que a emissora mexeu os pauzinhos para que a partida não acontecesse, ou fosse realizada sem a transmissão ao vivo.

A torcida na Arena Baixada gritou "vergonha" e protestou contra a FPF e a Rede Globo.

Mais cedo, pouco antes das 17 horas, o Coritiba viu-se obrigado a publicar em seu canal no Twitter a seguinte mensagem: "Funcionários da Federação Paranaense de Futebol solicitam que a arbitragem não permita início do jogo. Motivo: a FPF não permite transmissão do jogo pelos canais de Coritiba e Atlético. A federação pede que o jogo não comece enquanto houver a transmissão online".

Revoltados, dirigentes das duas equipes disseram que a partida não aconteceria. "Atlético-PR e Coritiba não venderam seus direitos [para a TV] por causa dessa merreca que a RBS e a Globo nos ofereceram. E a Federação Paranaense de Futebol não quer dar continuidade à partida enquanto a imprensa estiver aqui. Temos uma produtora independente aqui. Não temos que acabar com a transmissão", disse o diretor executivo de marketing do Atlético-PR, Mauro Holzmann

"A federação, de forma arbitrária, quer que tiremos nossa produtora independente. Nós não vendemos o jogo para ninguém, só não aceitamos o que a Federação Paranaense quer fazer. A federação diz que não vai ter o jogo enquanto a transmissão dos canais oficiais não for tirada do ar. Então não vai ter o jogo", completou.

A reação dos dirigentes do Coxa também foi idêntica. "A federação mandou uma ordem para a equipe de arbitragem de que não pode ser feita a transmissão porque existe um contrato com a Rede Globo. O Coritiba e o Atlético se sentem no direito de fazer a transmissão pelo Youtube. Os dois times não vão abrir mão de jogar essa partida", afirmou o vice-presidente do Coritiba, José Fernando Macedo, antes de decidirem pela não realização da partida.

Hélio Cury, o presidente da federação paranaense, ordenou ao quadro de árbitros que não permitisse o início de jogo enquanto os profissionais não saíssem de dentro de campo. Segundo ele, o credenciamento dos profissionais deveria ter sido feito 48 horas antes da partida, o que não teria acontecido.

"Enquanto os profissionais não credenciados estiverem dentro do campo não vai haver jogo", disse ele. "Deveria ser feito um credenciamento 48 horas antes da partida. O nosso posicionamento está bem claro: está proibido".

Os clubes disseram ter sugerido que os profissionais que transmitem o jogo de dentro do campo poderiam ir para as arquibancadas. Questionado sobre isso, Cury disse que não poderia fazer nada para impedir o jogo nesse caso.

"A federação só cuida do que acontece dentro do campo, fora nós não temos nada a ver com isso. Se eles tirarem tudo do campo e colocarem na arquibancada não podemos fazer nada".

O problema é que isso levaria muito tempo, o que inviabilizou a transmissão da partida. Fica evidente, neste caso, a interferência indireta da Rede Globo nos acontecimentos em Curitiba. Bastaria que o presidente da FPF autorizasse por escrito que os profissionais pudessem atuar que nada disso teria acontecido.

O futebol brasileiro – não só ele – pertence à Rede Globo, e ai de quem for contra isso.

Do Portal Vermelho