Torcedor do Coritiba escreve bela carta a clube argentino
A passagem do Belgrano por Curitiba, durante a última Copa Sul-Americana, foi marcante. Milhares de fanáticos celestes invadiram o Couto Pereira e pareciam mesmo se sentir em casa, tamanha potência que exibiam nas arquibancadas. Espetáculo que rendeu uma grande vitória dos Piratas, apesar da eliminação em Córdoba durante o segundo jogo entre as equipes.
Publicado 21/02/2017 13:29
De qualquer maneira, aquela noite delirante no Alto da Glória fincou raízes. É o que demonstra um torcedor do Coxa que, meses depois, enviou uma carta ao próprio Belgrano, comentando sua experiência e as consequências.
Abaixo, traduzimos a publicação do site oficial do clube argentino:
Era setembro de 2016, em uma noite fria da minha cidade, quando me encontrei com quatro mil argentinos descontrolados dentro do estádio. Durante todo o dia, torcedores azuis caminhavam pelas ruas curitibanas cantando e fazendo uma grande festa. Depois daquela partida pela Copa Sul-Americana, de uma maneira inexplicável, parte do meu coração também ganhou cores celestes.
Club Atlético Belgrano.
Antes, conhecia-o somente por duas coisas: o clube em que já havia jogado Sergio Escudero (ex-jogador do Coritiba) e que levou o River Plate ao rebaixamento. Nada mais. Estava equivocado. Eu mal sabia que, algum tempo depois, me identificaria muito com a equipe celeste da cidade de Córdoba. A primeira barra argentina, fazendo todo aquele carnaval no Couto Pereira, me levou a pensar e recordar o que realmente me encanta no futebol.
No Brasil, meu time tem apenas um título nacional, já foi rebaixado quatro vezes e vive uma crise há cinco anos. Em 2009, ano do centenário do clube, caímos à segunda divisão e vivemos um dos piores momentos de nossa história. Se a razão de tudo fossem conquistas e múltiplas glórias, um torcedor do Coritiba teria poucos motivos para ir ao campo e apoiar.
Contudo, nossa paixão vai além de tudo isso. História, tradição e um sentimento incondicional mantêm vivo em nós o desejo intenso de gritar, cantar e saltar por um clube de futebol.
É esse o mesmo sentimento que moveu milhares de piratas até Curitiba. Superaram fronteiras, distâncias e custos financeiros. Todos por uma paixão, e é exatamente isso que nos une. Nenhum torcedor de um grande clube de Buenos Aires, de São Paulo ou do Rio de Janeiro sentirá um dia o que sentem os torcedores do Belgrano ou do Coritiba.
Para os demais, somos insignificantes. Mas somos nós que sabemos o que é ter esperança quando já não nos sobra nada. Nosso amor não depende de títulos, tampouco de vitórias. Na debilidade, somos fortes e vencemos qualquer obstáculo.
Desde aquela partida, em que meu time perdia para o Belgrano, não sou mais o mesmo. Não é possível continuar o mesmo depois de conhecer a ‘loucura que não tem cura’ dos piratas. Na verdade, vocês nos trouxeram ânimo para continuarmos fortes. Vocês são fortes. Eu pertenco à maior paixão do Paraná. Não obstante, agora também pertenço a outra nação. Hoje, integro a maior paixão de Córdoba. Não importa o que digam: não se compara”
Curitiba, Brasil
Lohan Ribeiro Couto