Lula, o sequestro do blogueiro e a inércia do movimento sindical

"A ação da PF revela o quanto a direita e os golpistas compreendem a importância da imprensa alternativa e certamente farão, daqui por diante, um combate sistemático a todo e qualquer meio alternativo de comunicação”.

Por *Sousa Júnior

polícia federal
“O que me preocupa não é o grito dos maus.
É o silêncio dos bons”.
Martin Luther King

O caso ocorrido na última terça-feira (21), do sequestro de Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania, executado pela Polícia Federal por determinação do juiz Sérgio Moro, da “República Independente de Curitiba”, não foi o primeiro nem será o último atentado à liberdade de expressão. E não foi coincidência o fato ocorrer justamente logo após a gigantesca manifestação popular em Monteiro, na Paraíba.

Vamos explicar começando pelo ato de inauguração popular da transposição das águas do velho Chico, domingo (19). Embora não tenha sido convocado por nenhum órgão da chamada grande imprensa e sim apenas pelas redes sociais, e mesmo com todas as dificuldades de locomoção para Monteiro, estima-se que entre 70 e 100 mil pessoas lá estiveram para apoiar o melhor presidente que o Brasil já teve.

Os dois fatos descritos se interligam. Primeiro, pela força da mobilização popular crescente que os jornalistas (sim, somos todos jornalistas quando utilizamos algum meio para informar) estão demonstrando através das redes sociais, como ocorreu no último dia 15 em todo o País, no Dia Nacional de Luta contra a (chamada) reforma da previdência.

Segundo, porque esses jornalistas, a exemplo de Edu, ao utilizarem as mídias sociais de forma adequada, estão se tornando um obstáculo à continuidade do golpe, que inclui a prisão ou a inelegibilidade do Lula. A manifestação de domingo e a mobilização de 15 de março são exemplos claros nesse sentido, de tal forma que se tentarem prender o Lula, Curitiba será pequena demais para abrigar tanta gente em seu apoio, tal como Monteiro o foi no domingo.

O sequestro de Eduardo Guimarães, batizado de condução coercitiva, nada mais foi do que o ensaio da direita contra a imprensa alternativa, em especial à veiculada pela Internet, o mais importante espaço democrático que nos resta diante da hegemonia da mídia controlada por seis ou sete grupos familiares de comunicação. A ação da PF revela o quanto a direita e os golpistas compreendem a importância da imprensa alternativa e certamente farão, daqui por diante, um combate sistemático a todo e qualquer meio alternativo de comunicação, incluindo a imprensa sindical.

Se alguns poucos jornalistas, de forma individual, incomodam os golpistas, imaginem se os milhares de sindicatos de trabalhadores deste País se unissem para criar ou patrocinar meios alternativos de comunicação, como portais, web rádios ou mesmo rádio e televisão, a exemplo da TVT de São Paulo. Teoricamente, a maioria dos sindicalistas de centrais sindicais como a CTB e CUT dirão que concordam com tudo que aqui está escrito, que sabem da importância de ter esses meios alternativos de comunicação e até exaltarão o exemplo de São Paulo, mas nada fazem para criar ou apoiar esses meios e, assim, enquanto a PF está agindo para acabar ou inibir a existência da imprensa alternativa, a maioria do movimento sindical faz o mesmo, por inércia.


*Sousa Júnior é publicitário e coordenador do programa de rádio Democracia no Ar.

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