Vice-presidente da Bolívia critica consequências da globalização

O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, voltou a criticar as “nefastas consequências da globalização neoliberal para os povos do mundo”. “Os países não podem ser reféns dos processos de globalização financeira, com mais efeitos destrutivos e impactantes do que benefícios, com o aumento da pobreza, do desemprego e a perda do bem-estar”, disse nesta quarta-feira (7), durante a apresentação do livro “As vias abertas da América Latina”, de Emir Sader, na sede do Banco Central boliviano.

Álvaro García Linera - Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Segundo Garcia Linera, a América Latina, com os processos progressistas iniciados há mais de uma década, buscou a forma de construir um modelo de democracia em cada nação mais participativa e de economia plural, de maior ênfase nos mercados nacionais para enfrentar as devastações da economia neoliberal.

De maneira particular, destacou a importância que deram ao tema da igualdade para conseguir estabilidade social, política e crescimento econômico.

Garcia Linera reconheceu que há um recuo temporário das forças de esquerda na região, mas ressaltou o novo fortalecimento da luta no Brasil e na Argentina diante do rápido esgotamento da proposta da direita.

Esta reconstituição da direita na América Latina percorre o caminho do regresso a velhas ações já fracassadas, ao apostar em mais privatizações, sublinhou.

É um neoliberalismo tardio, uma restauração conservadora e parcial que não tem perspectivas nem poder irradiador e hegemônico, acrescentou.

De acordo com Garcia Linera, o texto apresentado nesta quarta-feira reflete sobre as preocupações mais candentes da sociedade contemporânea, revisa de maneira autocritíca as ações equivocadas e as debilidades das forças de esquerda para superá-las e avançar com o objetivo de não entregar o continente à direita.

“Uma revolução nunca está definida de antemão… e este livro reflete sobre isto, sobre este processo inacabado, sempre inacabado, sobre os processos revolucionários que têm que ter a capacidade não somente de definir bem um horizonte, mas de ser autocríticos”, afirmou.

Também assinalou que os anúncios de protecionismo econômico, o fim dos tratados de livre comércio e a construção de um muro ‘feudal’ dos Estados Unidos na fronteira com o México, são os sinais da morte da globalização.

Igualmente, recordou que em seu momento potências industriais como o Reino Unido e os Estados Unidos assim como o Banco Mundial impulsionaram a globalização e o livre mercado como uma solução para os problemas da humanidade.

A globalização como projeto político neoliberal montou um aparato ideológico assumido em primeiro lugar pelos meios de comunicação e seguido por políticos e economistas como uma religião, afirmou.