CTB: Centrais devem aumentar ação contra lobby dos empresários
O presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, afirmou ao Portal Vermelho, um dia após aprovação da reforma trabalhista em comissão do Senado, que Michel Temer vendeu o país em troca de benefícios e enriquecimento pessoal. “Transformou o país em uma nação que só cabe nas páginas policiais. É um país reduzido à lama e pó”.
Por Railídia Carvalho
Publicado 29/06/2017 13:17

Segundo Adilson, a resistência às reformas trabalhista e previdenciária precisa seguir em frente mesmo diante das adversidade que podem acontecer também para o lado do defensores das reformas.
Nesta quinta-feira (29), o governo não conseguiu quórum para votar o regime de urgência para votação da reforma em plenário. A votação do regime acontecerá na semana que vem.
Ataque aos trabalhadores
Na quarta-feira (28), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou por 16 votos a favor e 9 contra o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 38, da reforma trabalhista. Houve uma abstenção.
Da mesma forma como aconteceu nas comissões anteriores, a CCJ aprovou o projeto tal qual veio da Câmara. Requerimento de urgência para priorizar o tema no plenário da Casa deverá ser votado na próxima semana.
“A resistência precisa seguir. Temos amanhã (30) o dia nacional de greves e paralisações, que tem alcançado importante repercussão diante das ameaças em curso”, afirmou Adilson.
Mobilização sem trégua
O dirigente confirmou que a CTB se manterá em vigília permanente no Congresso e também defende a realização de um acampamento para concentrar os atos antirreformas na capital federal.
Adilson também adiantou que a central convocou para a próxima terça-feira (4) em Brasília uma reunião com presidentes de sindicatos filiados a CTB de todo o país e parlamentares.
“A ideia é ampliar a nossa presença no Congresso para fazer contraponto aos escritórios das multinacionais fazendo lobby para derrotar os trabalhadores”, enfatizou o dirigente. Segundo ele, o convite será estendido às demais centrais, que devem se reunir no início da próxima semana para definir os próximos passos.
Calada da noite
Adilson acusou o governo e aliados de na calada da noite colocarem na ordem do dia uma reforma que altera profundamente as relações de trabalho no Brasil.
“O projeto inicial alterava 7 pontos, que após a passagem pela Câmara viraram 119 artigos alterados e endossados por 200 incisos”, lembrou o sindicalista. “Na calada da noite, no palácio Jaburu, CNI (Confederação Nacional da Indústria) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) gestaram um projeto que coloca o trabalhador de volta à escravidão”, comparou Adilson.
Na opinião dele, o ensaio que se fez com a reforma da Previdência só foi interrompido porque a reforma trabalhista, se aprovada, também tem impactos negativos sobre a Previdência Pública.
“É claro que a resistência das ruas, dos movimentos foi importante mas eles viram que se a reforma trabalhista passar legitimando os contratos precarizados, o trabalhador não vai ter como transferir renda para a Previdência”, analisou.
Segundo o dirigente, os bancos são os que mais ganham com a falência da Previdência pública já que haverá uma corrida para os planos de previdência privada.
Frente Ampla
“Apesar das adversidades que enfrentamos, estou otimista com os atos desta sexta-feira. A CTB defendeu desde o início a agenda de lutas de junho. Acho que ela é resultado de um acúmulo das mobilizações que eclodiram no país em torno da defesa dos direitos e das eleições diretas. Esse movimento vem crescendo, junto aos atos de artistas, intelectuais, e cria um caldo político importante para derrotar essa agenda neoliberal”.