Assassinatos de membros das Farc aumentam após acordo de paz

Um membro das Farc-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo), indultado, foi morto a tiro no departamento de Antioquia. É o sexto em menos de três meses. Enquanto isso, 1300 presos membros da guerrilha continuam em greve de fome para exigir que lhes seja aplicada a Lei da Anistia, fruto do acordo de paz.

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O corpo sem vida de Juan Fernando Amaya foi encontrado na última quarta-feira (12) numa estrada do município de Ituano (departamento colombiano de Antioquia). Trata-se do sexto membro Farc-EP a ser assassinado em três meses. A estes, somam-se nove familiares de membros da guerrilha, segundo informações da Marcha Patriótica.

Amaya tinha estado preso na cadeia Bellavista, em Medellín, e foi indultado no dia 12 de Dezembro de 2016. Regressou então a Ituano, onde se encontrava em processo de reintegração e onde havia começado a trabalhar num estabelecimento comercial, informou o Resumen Latinoamericano.

As autoridades investigam o caso, mas a Mesa de Direitos Humanos (MDH) de Ituano já emitiu um comunicado onde alerta para o fato de “os paramilitares tentarem ocupar [a região] 13 anos depois”, devido a ausência da guerrilha.

“Homens armados obrigam as pessoas a se reunir para estabelecer regras comunitárias e pedem acesso a informação detalhada dos membros das Juntas de Ação Comunal”, denuncia a MDH, acrescentando que, entre 17 de maio e 25 de junho, foram assassinadas três pessoas, e quatro mulheres tiveram de fugir, devido a ameaças.

Dirigente da Marcha Patriótica morto no Cauca

Na última sexta-feira (14) o dirigente da Marcha Patriótica e líder da comunidade afrodescendente, Héctor William Mina, foi assassinado no departamento do Cauca, segundo divulgou a Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes.

O Provedor de Justiça na Colômbia, Carlos Alfonso Negret, expressou a sua preocupação pelos homicídios seletivos de membros das Farc, no decorrer do processo de entrega das armas e de reintegração, tendo ainda afirmado que 186 dirigentes sociais foram mortos desde Janeiro de 2016.

Presos das Farc em greve de fome

No sábado (15), Jesús Santrich, comandante e membro do Estado-Maior Central das Farc, teve alta, depois de, no dia anterior, ter sido internado com urgência, ao cabo de 18 dias em greve de fome pela aplicação da anistia aos presos da guerrilha.

A situação foi divulgada por Pablo Catacumbo, do Secretariado das Farc, que destacou o fato de 1300 presos da guerrilha continuarem em greve de fome e exigiu que sejam tomadas medidas por parte do Estado colombiano.