Em crise com o DEM, base de Temer se transforma em desaliada

A crise da base desaliada de Temer chegou ao ponto do vice-líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), ter que vir a público, nesta quarta-feira (19), para dizer que o atrito entre o seu partido e Michel Temer já passou. A declaração foi após encontro com Temer para discutir a relação entre o DEM com o governo.

Por Dayane Santos

Pauderney - Agência Câmara

Temer já enfrenta a crise com o seu principal fiador, o PSDB, que está em cima do muro esperando ele cair, mesmo que isso custe o desgaste de suas lideranças. Com o DEM, a situação não era muito diferente.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer por corrupção passiva, já havia criado um clima de desembarque. Rodrigo Maia (DEM-RJ) já não defendia o governo e passou a utilizar o discurso "institucional". Até o acordo que o governo fechou para aprovar as reformas no Senado, Maia disse que não ia cumprir, provando uma reação da base na Casa.

Mas a coisa esquentou mesmo com a furada de olho de Temer, que seguiu a sua tradição golpista, e tentou atrair um grupo de parlamentares do PSB para ingressar no PMDB, como forma de salvar a sua pela na votação da denúncia, que deve acontecer em agosto no plenário da Câmara. Porém, Maia já estava de olho no grupo e se sentiu traído por Temer.

Nesta terça (18), Temer foi a um jantar realizado na residência oficial do presidente da Câmara promovido pela turma do "deixa disso". Pelo jeito, não conseguiram acertar as contas na reunião, e nesta quarta Pauderney foi ao Palácio do Planalto para sinalizar que a fumaça não é fogo.

Se é isso fosse verdade, ao invés de Pauderney , o encontro seria com Maia. O deputado do DEM falou em nome de Temer e disse que não foi feito nenhum convite a parlamentares de partidos da oposição para integrar o PMDB, em reação a um movimento do DEM na busca por ampliação de sua bancada.

“Eu acho que, primeiro, foi uma falsa crise e, depois, nós entendemos que já é uma página virada esse episódio, uma vez que consta que o presidente não convidou parlamentares para ingressarem no partido dele e nem tentou dissuadir deputados a virem para o Democratas”, afirmou. Ora, se era falsa crise, porque virar a página?

Pauderney, no entanto, não perdeu a chance de dizer que o DEM está aberto a receber qualquer parlamentar que esteja insatisfeito em outro partido.

Mas para ninguém ter dúvidas sobre de que lado o DEM está, ao ser questionado se a adesão do partido é em favor do presidente em relação ao processo da denúncia que tramita na Câmara dos Deputados, Pauderney disse que o DEM tem interesse na agenda de reformas.

“O partido está convencido de que neste momento o melhor para o país é buscar o entendimento e fazer com que estas reformas venham o mais rapidamente possível, porque não haverá espaço no Orçamento se não houver uma reforma da Previdência”, afirmou.