Publicado 31/07/2017 13:09
O governo diz ter “absoluta certeza” da aprovação, mas segundo informação divulgada pelo colunista do G1 Gerson Camarotti, Temer tem menos de 250 votos, o que é capaz de barrar a denúncia, no entanto, está com dificuldades para garantir o quórum.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirma que haverá sessão, mas conta com a presença da oposição de forma a garantir os 342 deputados para abrir a votação em plenário. A oposição, por sua vez, já avisou que estará na Câmara no dia da sessão, mas só vai registrar presença após a base do governo atingir o quórum para abrir a votação.
O governo já admite que não haverá quórum sem a presença da oposição. Daí a estratégia da base aliada de discursar dizendo que é responsabilidade da oposição garantir o quórum.
“À oposição é que interessa, neste momento, reverter o resultado da Comissão de Constituição e Justiça, e não ao governo”, afirmou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), em entrevista à Folha de S. Paulo.
Nesta terça-feira (1º), líderes da oposição vão se reunir para definir a estratégia durante a votação. De acordo com o deputada Alice Portugal (BA), líder do PCdoB na Câmara, a oposição vai atuar de forma estratégica a não dar margem para o governo.
“O Congresso tem obrigação de acatar a denúncia; a oposição vai estar lá no dia e na hora marcada. Vamos votar para acatar a denúncia”, enfatizou.
Para Carlos Zarattini (SP), líder do PT na Câmara, o agravamento da situação de Temer poderá levar indecisos e governistas a votarem a favor da denúncia.
“Tem muita gente já preocupada com o que a opinião pública está achando. E isso pode levar a uma debandada da base do governo que leve ao afastamento do presidente”, declarou.
PSDB no muro
Entre os indecisos estão os principais aliados de Temer no golpe: o PSDB. O governo tenta garantir o quórum com a bancada que está rachada. A cúpula da sigla está em cima do muro do governo. Liderada pelo senador Aécio Neves (MG) e o governador Geraldo Alckmin (SP), o grupo tenta assegurar que os parlamentares tucanos não abandonem Temer, mas entre os deputados, a palavra de ordem que predomina é do desembarque.
Padilha desprezou os tucanos ao afirmar que considera “perfeitamente possível” governar sem o PSDB, mas garantiu que o governo deseja a permanência dos tucanos. “Se o PSDB decidir sair, o que não desejamos, teremos de governar sem o PSDB”, disse Padilha, acrescentando que considera ser “perfeitamente possível”.
Temer jantou com Aécio no Palácio do Jaburu, no sábado (29), para pedir ajuda do tucano e contornar a reação da bancada na Câmara.
Aécio, delatado por Joesley Batista e investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tem pouca moral para pedir apoio. Afastado da presidência do PSDB desde que a delação de Joesley veio a público – sendo denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelos crimes de corrupção passiva e obstrução da Justiça – Aécio não deve retornar à presidência da sigla. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) assumiu interinamente a presidência, mas é a favor do desembarque.
Segundo fontes citadas pela grande mídia, o jantar foi um primeiro sinal do afago do governo ao PSDB para que apoie o governo. O jantar veio acompanhando da liberação de R$ 19,5 milhões em verbas para três dos quatro ministros do PSDB que integram o governo.
Enquanto outras pastas sofrem com cortes de verbas, a medida beneficiou projetos dos ministros tucanos que estão na Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e das Cidades, Bruno Araújo.
Para tentar salvar a sua pele e barrar a denúncia, Temer já liberou R$ 4,1 bilhões em emendas parlamentares, o que representa 97% de todo o valor empenhado para o exercício.
“Nós temos de ter paciência para compreender nossos aliados e as suas circunstâncias, fazendo com que eles consigam cada vez mais aprimorar o apoio ao governo”, disse Padilha.